O Bloco de Esquerda vai chamar ao parlamento a CP, os sindicatos e o ministro das Infraestruturas, João Galamba, devido à situação dos trabalhadores dos bares dos comboios, anunciou esta segunda-feira a coordenadora do partido, Catarina Martins.

O Bloco de Esquerda o que fez foi, agora, chamar ao parlamento não só a CP e os sindicatos, mas também o ministro das Infraestruturas. Nós não podemos achar normal que uma empresa pública como a CP tenha trabalhadores que estão sem salário”, disse Catarina Martins aos jornalistas, no Porto.

Em frente à estação ferroviária de Campanhã, manifestaram-se cerca de duas dezenas de trabalhadores da empresa Apeadeiro 2020, concessionária dos bares nos serviços de longo curso da CP, que mantém vigílias há 13 dias.

São 130 famílias de corda ao pescoço, sem salário, ainda por cima com salários tão baixos. É uma situação que é, do ponto de vista laboral e económico inaceitável, e do ponto de vista social de uma enorme violência”, acrescentou a coordenadora do BE.

Para Catarina Martins, a “solução rápida é a CP assumir os compromissos, pagar os salários e fornecer o que é necessário para voltar a funcionar o serviço normalmente nos comboios”.

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Não sei se as pessoas têm noção, mas os trabalhadores dos bares e restaurantes da CP há já praticamente um ano que só quando fazem pré-avisos de greve é que conseguem receber os salários. Estão sempre com salários em atraso”, denunciou, questionando-se como é que um salário mínimo “estica para sequer para um mês, quanto mais para mais de um mês”.

A coordenadora bloquista considerou ainda que, do ponto de vista económico, “o mal está logo na concessão” que a CP faz do serviço de bar a empresas externas.

A concessão existe para uma coisa, não nos enganemos: é para o Estado pagar mal”, dizendo Catarina Martins que, desta forma, há um “desresponsabilizar das condições de trabalho”.

Para Catarina Martins, “como os concursos são sempre para quem pede menos à CP, cada vez são empresas piores, com piores condições, empresas de vão de escada”.

O pedido do BE para chamar ao parlamento a CP e o ministro junta-se ao requerimento do PCP feito na quinta-feira, depois do BE também já ter enviado perguntas ao Governo no dia 28 de fevereiro.

Na quarta-feira da semana passada, após uma reunião no ministério do Trabalho com as empresas e os sindicatos, Francisco Figueiredo, da direção nacional da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht) disse à Lusa que da reunião “não resultou nada“, recordando que a CP “tinha dito que hoje trazia informação e não trouxe nada”.

No que toca à Apeadeiro 2020, a empresa sabe que está falida”, referiu, indicando que esta veio à reunião dizer que “vai pedir um encontro com a CP para lhe dar novo contrato de concessão de conseguir junto dos credores a viabilização da empresa”.

Os trabalhadores dos bares da CP estão em greve desde o dia 1 de março.