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Morreu Dick Fosbury, atleta que revolucionou o salto em altura. A história de uma técnica que podia ter sido um "flop"

Este artigo tem mais de 1 ano

Dick Fosbury criou aos 16 anos a técnica de salto em altura mais popular desde os anos 60. O "Dick Flop" primeiro estranhou-se, depois entranhou-se. O criador morreu aos 76 anos com um linfoma.

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Bettmann Archive

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Há décadas que a técnica era esta. Quando um atleta de salto em altura corria em direção à fasquia, a tradição era levantar a perna, esticá-la e fazê-la passar por cima da trave, girar o corpo sobre ela com a barriga para baixo e depois ceder à gravidade. Toda a gente saltava assim. Toda a gente menos Dick Fosbury, lendário atleta de salto em altura que morreu este domingo aos 76 anos.

Richard Douglas “Dick” Fosbury ainda era um adolescente com 16 anos, quando começou a inventar a técnica de salto em altura mais utilizada atualmente. Nessa época, o soviético Valeriy Brumel e o norte-americano John Thomas ainda venciam medalhas (de ouro e de prata, respetivamente) nos Jogos Olímpicos de 1964 com a antiga técnica “straddle”, também chamada “rolamento ventral”.

Mas a revolução do salto em altura começava a brotar na Escola Secundária de Medford, onde Dick Fosbury se apercebia que o movimento mais habitual do salto em altura não o satisfazia — porque a coordenação de todos os movimentos era difícil para ele. Depois da “revolução”, que os críticos classificavam de “convulsão aérea”, veio a “evolução. E o atleta explicou isso mesmo numa entrevista à Visão em 2012:

Foi um acidente. Teve tudo a ver com a forma como, nos treinos, nós fazíamos umas corridas de aproximação à fasquia. Aos poucos comecei a alargar a curva, cada vez mais e mais. E comecei a saltar de costas, porque era o movimento mais natural provocado por essa corrida. Qualquer um podia ter inventado essa técnica. Qualquer um… Este é um movimento natural.

O novo movimento de Dick Fosbury cumpria com todos os requisitos do salto em altura: não interessava como é que o atleta passava por cima da fasquia, desde que partisse do solo com o impulso gerado com uma única perna. A diferença deste novo movimento para o rolamento ventral é que o atleta gira de modo a ficar de costas para a trave, depois baixa os ombros e o corpo, em arco passa por cima da fasquia— primeiro a cabeça, depois o tronco e, a seguir, as duas pernas ao mesmo tempo.

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Depois da resistência inicial à técnica, o “Fosbury Flop” popularizou-se a ponto de ser o movimento mais popular no salto em altura. Foi com ela que o atleta conquistou o ouro, com um novo recorde olímpico de 2,24 metros, nos Jogos Olímpicos de 1968. Quatro anos depois, na edição seguinte dos Jogos, já quase 75% dos atletas de salto em altura utilizaram o “Fosbury Flop”. Dick tinha entrado para a História do atletismo.

Em 2012, na entrevista à Visão, disse acreditar que “qualquer um” podia ter inventado aquela técnica. E que o seu nome só está associado a ela porque foi campeão olímpico ao aplicá-la: “Se não tivesse sido campeão olímpico ninguém teria fixado o meu nome. Essa é que é a verdade. Os Jogos Olímpicos é que mudaram a minha vida”.

Dick Fosbury numa cerimónia em 2012

Getty Images

Mas nem sempre para melhor. Nesse mesmo ano, numa entrevista ao The Guardian, Dick Fosbury admitiu que “foi demais” e ficou “mentalmente exausto”: “Eu era um miúdo de uma cidade pequena que fez algo muito além do que esperava fazer. Gostei da atenção, mas queria que acabasse em algum momento. Não funcionou assim”.

As pessoas me colocaram num pedestal e mantiveram lá”, descreveu o atleta, que depois da vitória em 1968 não voltou a competir em qualquer edição dos Jogos Olímpicos:”E eu não queria estar num pedestal. Recebi a minha medalha e queria voltar ao chão com todos os outros”.

No ano em que se tornou campeão olímpico, um jornal da sua cidade publicou uma fotografia do salto que dizia: “Fosbury flops over the bar” ou, em português, “Fosbury dá uma volta por cima da barra”. Ele gostou e adotou aquele nome: “Fosbury Flop”. É que “flop”, em inglês, também pode significar “fracasso” ou “fiasco”. Com outra interpretação, a mesma frase podia significar: “Fosbury fracasseia por cima da barreira” — uma aliteração que agradou ao atleta.

Dick Fosbury morreu com um linfoma — um tipo de cancro caracterizado pela proliferação descontrolada de glóbulos brancos no sangue — seis dias depois de ter completado 76 anos. Ray Schulte, antigo agente do atleta, anunciou a morte de Dick Fosbury nas redes sociais: “É com o coração muito pesado que divulgo a notícia de que o amigo e cliente de longa data Dick Fosbury faleceu pacificamente durante o sono na manhã de domingo“.

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