O presidente do Governo da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, disse que a “impreparação” da estrutura regional do PS é “uma coisa abissal”, vincando que isso ficou provado na comissão de inquérito sobre o alegado favorecimento de grupos económicos.

“Esta ideia de lançar suspeições sobre empresas credíveis, que são fundamentais para o desenvolvimento da economia da Madeira, que empregam milhares de trabalhadores, pensar que estas empresas andam a brincar aos jogos de influências com o poder é uma coisa completamente louca“, salientou esta quarta-feira.

O governante falava à margem de uma visita à empreitada de regularização e canalização do ribeiro da Achada, na freguesia do Curral das Freitas, concelho de Câmara de Lobos, já depois de ter remetido ao parlamento regional as respostas, por escrito, às 146 perguntas dos deputados do PS e do PCP, no âmbito da comissão inquérito, na qual foram ouvidos os empresários madeirenses Luís Miguel Sousa (Grupo Sousa) e Avelino Farinha (Grupo AFA).

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A comissão de inquérito foi constituída a pedido do PS, a maior força política da oposição regional (ocupa 19 dos 47 lugares no hemiciclo), para investigar o “favorecimento dos grupos económicos pelo Governo Regional, pelo presidente do Governo Regional e secretários regionais e obras inventadas, em face da confissão do ex-secretário regional Sérgio Marques, em declarações ao Diário de Notícias, suscetível de configurar a prática de diversos crimes”.

Em causa estão acusações de Sérgio Marques, em declarações ao Diário de Notícias publicadas em 15 de janeiro, de “obras inventadas a partir de 2000”, quando Alberto João Jardim (PSD) era presidente do executivo madeirense, e grupos económicos que cresceram com o “dedo do Jardim”.

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O social-democrata, que fez também parte do primeiro Governo de Miguel Albuquerque (PSD) como secretário regional do Assuntos Europeus e Parlamentares, entre 2015 e 2017, e à dada das declarações era deputado do PSD à Assembleia da República pelo círculo da Madeira, afirmou ainda que foi afastado do cargo por influência de um grande grupo económico da região.

No Curral das Freitas, Miguel Albuquerque disse que o PS quis aproveitar as declarações do ex-secretário e ex-deputado social-democrata para “fazer um circo mediático” e criticou a atuação do líder regional socialista, Sérgio Gonçalves.

“Já se percebeu que ele não tem jeito nenhum para “player”, ele não sabe qual é a perna esquerda, nem qual é a perna direita, e a única especialidade dele é meter golos na própria baliza, como está a acontecer nesta comissão de inquérito”, declarou.

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O chefe do executivo madeirense sublinhou que “as declarações dos dois empresários visados vieram demonstrar que o Partido Socialista na Madeira não está a par, nem tem conhecimento da realidade das coisas”, ao nível da operação portuária e das empreitadas de construção civil.

“A impreparação deste Partido Socialista é uma coisa abissal”, disse.

Miguel Albuquerque classificou, no entanto, as declarações de Sérgio Marques como uma “situação infeliz”, mas disse ser importante ouvir o seu depoimento na comissão de inquérito, já requerido pelo PCP.

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Nas respostas por escrito às 146 perguntas (67 do PS e 79 do PCP), o presidente do Governo da Madeira rejeita que os empresários madeirenses Luís Miguel Sousa e Avelino Farinha tenham exercido qualquer pressão sobre o executivo e considera que os principais grupos económicos da região cresceram pelo seu “trabalho árduo”.