O líder do PS/Madeira, Sérgio Gonçalves, criticou esta quarta-feira a “postura arrogante” do presidente do Governo Regional, afirmando que a realidade social no arquipélago “mostra que Miguel Albuquerque não está preparado para continuar a governar”.

Se há alguém que revela uma impreparação abissal, esse alguém é Miguel Albuquerque, que, claramente, não está preparado para governar a Madeira”, refere o dirigente socialista, citado num comunicado do partido, em reação às declarações do chefe do executivo (PSD/CDS-PP) sobre o trabalho da comissão de inquérito parlamentar sobre alegadas obras inventadas e favorecimentos do Governo Regional a grupos económicos.

No decurso de uma visita à freguesia do Curral das Freiras, em Câmara de Lobos, o presidente do Governo da Madeira disse que a “impreparação” da estrutura regional do PS é “uma coisa abissal”, vincando que isso ficou provado na comissão de inquérito.

Esta ideia de lançar suspeições sobre empresas credíveis, que são fundamentais para o desenvolvimento da economia da Madeira, que empregam milhares de trabalhadores, pensar que estas empresas andam a brincar aos jogos de influências com o poder é uma coisa completamente louca”, disse o governante, já depois de ter remetido ao parlamento regional as respostas, por escrito, às 146 perguntas dos deputados do PS e do PCP.

O líder do PS/Madeira reagiu afirmando que Miguel Albuquerque “não está preparado para continuar a governar a Madeira”.

Basta olharmos para o facto de sermos a região com a mais alta taxa de risco de pobreza e exclusão social do país, na ordem dos 29,6%”, refere no comunicado, acrescentando que as listas de espera em saúde duplicaram desde que Miguel Albuquerque é presidente do Governo, quando o próprio havia assumido esta como a sua prioridade.

“Basta sabermos que existem cerca de cinco mil famílias em lista de espera para apoios habitacionais e que, apesar do investimento com o recurso às verbas do Plano de Recuperação e Resiliência, só será possível resolver o problema de 1.400 famílias”, salienta ainda.

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Para Sérgio Gonçalves, estes são “exemplos paradigmáticos do fracasso governativo” e revelam a “incapacidade para gerir os destinos da região”.

O presidente do PS/Madeira sublinha, por outro lado, que “nunca atacou nem lançou suspeitas sobre quaisquer grupos empresariais”, considerando que quem o fez foi o ex-secretário regional e ex-deputado social-democrata Sérgio Marques.

A comissão de inquérito para investigar o “favorecimento dos grupos económicos pelo Governo Regional” foi constituída a pedido do PS, a maior força política da oposição regional (ocupa 19 dos 47 lugares no hemiciclo).

Em causa estão acusações de Sérgio Marques, em declarações ao Diário de Notícias publicadas em 15 de janeiro, de “obras inventadas a partir de 2000”, quando Alberto João Jardim (PSD) era presidente do executivo madeirense, e grupos económicos que cresceram com o “dedo do Jardim“.

O social-democrata, que fez também parte do primeiro Governo de Miguel Albuquerque (PSD) como secretário regional do Assuntos Europeus e Parlamentares, entre 2015 e 2017, e à dada das declarações era deputado do PSD à Assembleia da República pelo círculo da Madeira, afirmou ainda que foi afastado do cargo por influência de um grande grupo económico da região.