“2022 foi um ano interessante para o turismo”. E 2023 deverá seguir o mesmo rumo. Mais de metade (54%) dos hoteleiros inquiridos pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) considera que a operação já chegou aos níveis de 2019, antes da pandemia de Covid-19. Porém, os desafios que o futuro poderá trazer não são esquecidos.

A inflação é “a sombra que espelha o medo dos consumidores”, seguindo-se, “obviamente”, os custos de energia nas preocupações que os 375 estabelecimentos inquiridos mais colocam no “top 3”, salienta Cristina Siza Vieira. Questionada sobre o facto de a falta de mão de obra se encontrar mais abaixo na tabela dos maiores desafios citados pelos hoteleiros, a vice-presidente da AHP explica que está a existir um “abrandamento nesta questão dos recursos humanos”. “Enquanto há seis meses a oferta ficava deserta, estamos agora a assistir novamente a uma migração das outras áreas para o turismo. Continua a ser um desafio, sim, sobretudo em alturas de pico, mas já não é uma aflição tão grande como era em alturas de pandemia”, detalha.

Só 11% dos inquiridos colocaram os “recursos humanos” nos top 3 de principais desafios para o setor do Turismo em 2023

Quanto às perspetivas para 2023, a responsável descreve que “em todos os trimestres, as convicções são de que o preço médio por quarto será melhor ou muito melhor” do que em 2019.  A mesma coisa acontece com as receitas: as perspetivas de serem melhores “são francamente interessantes”. Questionada sobre o preço médio por quarto para este ano, Cristina Siza Vieira diz não fazer ideia do valor em concreto, mas considera que “abrandando a inflação, os preços naturalmente vão abrandar”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Hotelaria defende que medidas do Governo para Alojamento Local não vão ter “efeito direto” na habitação

O inquérito, apresentado esta quinta-feira, revela ainda que, no ano passado, a taxa nacional de ocupação na hotelaria nacional fixou-se em 61%, com a Madeira em grande destaque (76%). A estada média nacional foi de três dias — na Madeira foi o dobro. O preço médio nacional por quarto chegou aos 119€, com Lisboa a ser a região mais cara do país (152€). A vice-presidente Cristina Siza Vieira explica que o crescimento nos preços praticados reflete o aumento da inflação, mas também foi “acompanhando o crescimento da procura” e o que se registava no resto da Europa.

Os Estados Unidos surgiram, em 2022, nos três principais mercados nas respostas de 33% dos inquiridos. Nas perspetivas para este ano, aparecem nas respostas de 40% dos 375 estabelecimentos. Por isso, a Associação da Hotelaria de Portugal diz que a “aposta no mercado americano é boa” e que “tem dado realmente uns resultados muito interessantes”.