As memórias recentes de Portugal não podiam ser melhores, com um nulo no Dragão que valeu a passagem aos quartos da Liga dos Campeões frente ao FC Porto, as recordações históricas de Portugal também não fogem muito a essa realidade: em três conquistas da principal prova europeia de clubes, o Inter ganhou a segunda frente ao Benfica em 1965 com um golo de Jair a decidir a final de Milão (antes ganhara ao Real por 3-1) e a terceira, 45 anos depois, com o técnico José Mourinho no comando frente ao Bayern em Madrid. E que pontos comuns há entre essas equipas e a atual? Poucos ou nenhuns: se é verdade que o conjunto de Simone Inzaghi está longe daquilo que foram os tempos de Helenio Herrera nos anos 60, a eliminatória com os azuis e brancos mostrou que não existe grande problema em voltar à era do catenaccio para ser melhor.

Aliás, essa tem sido uma das imagens de marca com o antigo avançado no comando, que não está com vida fácil em Milão: depois do título ganho em 2020/21 com Antonio Conte, que saiu no final da temporada, o ex-treinador da Lazio acabou por perder na luta direta pela Serie A com o rival AC Milan em 2021/22 e está também a ter uma temporada aquém das expetativas no atual Campeonato, encontrando-se a 18 pontos do líder Nápoles e com apenas três de vantagem nos lugares que dão acesso à Liga dos Campeões. É esse o calcanhar de Aquiles de Inzaghi – apesar de ter um dos plantéis mais ricos a nível de quantidade e qualidade de jogadores, a equipa continua sem produzir futebol e resultados que reflitam essa realidade.

No entanto, e olhando para a realidade europeia, com mais ou menos resultados o Inter tem passado todos os obstáculos: qualificou-se em segundo num grupo onde estavam também Bayern e Barcelona (vitória por 1-0 no Giuseppe Meazza, empate a três em Camp Nou) e eliminou depois o FC Porto com o triunfo pela margem mínima em Milão com golo de Lukaku quando os azuis e brancos estavam reduzidos a dez por expulsão de Otávio e um nulo no Dragão com uma bola tirada em cima da linha e duas nos ferros em 41 segundos no período de descontos. Desde 2010, com Mourinho, que o Inter não chegava a esta fase.

“Sorteio? Está resolvido, já sabemos quem é o nosso adversário, vamos jogar contra uma grande equipa. O Inter tem muita qualidade individual, muita experiência. Sei que nestes jogos da fase a eliminar todos os jogadores vão dar o seu melhor. Podemos esperar jogos difíceis mas vamos dar o nosso melhor como fazemos sempre. É por isso que ainda estamos na Champions. Acreditamos em nós, vamos jogar o nosso futebol e esperamos ter oportunidade para passar às meias-finais. Cruzamento com AC Milan ou Nápoles facilita chegada à final? Claro que não. Não quero olhar muito para a frente”, referiu Roger Schmidt na antevisão do encontro deste sábado com o V. Guimarães, preferindo colocar agora as atenções na Liga.

“É um clube com grande tradição na Europa, o atual segundo classificado no Campeonato italiano e merece todo o nosso respeito. Não há favoritos nesta fase. Jogar em casa na primeira mão não nos dá vantagem, mas vamos com certeza ter um grande ambiente no nosso estádio. Nápoles ou AC Milan? Não vamos pensar nem falar sobre a meia-final, temos de jogar primeiro os quartos. A equipa tem de ter essa consciência, primeiro há que ganhar ao Inter para depois jogarmos a meia-final.”, destacou Simão Sabrosa, antigo capitão que é hoje diretor de Relações Internacionais ao Benfica, em declarações à BTV onde recordou a derrota na eliminatória da Liga Europa em 2004: “Foi uma grande eliminatória. Em casa fizemos um excelente jogo mas não conseguimos marcar, em Milão perdemos por 4-3 com uma grande exibição do Nuno Gomes”.

“Há que respeitar muito o Benfica. Tem demonstrado ser uma equipa muito importante nesta Champions. Vamos encontrar um ambiente quente [na Luz] mas faz parte do jogo. Tem jogadores de grande qualidade, como o Otamendi que conheço muito bem, muito importante na defesa. Esperamos chegar bem ao jogo”, comentou Javier Zanetti, antigo capitão do Inter e atual vice-presidente do clube, à Eleven Sports.

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