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O que juntaria, num mesmo evento, figuras aparentemente tão distintas como o ator Steven Seagal, Pierre de Gaulle (neto do famoso general francês) e a princesa italiana Vittoria Alliata di Villafranca? A pergunta, que à primeira vista pode parecer digna de um quebra-cabeças, tem na verdade uma resposta simples: todos estes nomes são fervorosos apoiantes da Rússia, de tal forma que, recentemente, marcaram presença num congresso do Movimento Internacional de Russófilos, em Moscovo.

As posições destas figuras públicas não são propriamente novidade. Seagal, aliás, é há vários anos um “embaixador especial” da Rússia e recentemente foi condecorado por Vladimir Putin com a Ordem da Amizade.

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Já Pierre de Gaulle tem, no passado recente, feito uso do seu apelido para apoiar o regime de Moscovo em nome da família. “O meu avô tinha um conhecimento muito profundo e intenso sobre os líderes russos, e também sobre as pessoas. (…) E estava bastante consciente do interesse e da necessidade geográfica da Europa e da França se aliarem à Rússia“, afirmou no congresso o neto de Charles de Gaulle, que em entrevistas tem descrito o governo ucraniano como um regime de “oligarcas e grupos militares neo-nazis”.

A família de Gaulle tem, pela sua parte, procurado distanciar-se destas declarações. Yves de Gaulle, irmão mais velho de Pierre, disse recentemente ao jornal Le Parisien que as posições do irmão “lhe dizem respeito apenas e só a ele”: “Não me representam a mim, à nossa família e muito menos ao general“.

Ao todo, o evento contou com cerca de 90 participantes, com Seagal como protagonista. A estrela de filmes de ação na década de 1990 descreveu-se como “100% russófilo e 1 milhão % russo”. Quem também marcou presença foi a autora e princesa italiana Vittoria Alliata di Villafranca, de 73 anos, conhecida sobretudo por ter sido responsável pela primeira tradução para italiano de O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien.

Villafranca, cuja história de vida inclui confrontos com a máfia italiana e com a Opus Dei pelo controlo do palácio ancestral da família, descreveu o clima de “russofobia” como uma “nova forma de colonização” e comparou-a à invasão da Sicília pelos Aliados durante a II Guerra Mundial, que acabou com o domínio nazi e fascista sobre a ilha.

Durante o discurso, segundo o The Guardian, a princesa protagonizou ainda uma declaração algo bizarra, na qual expressou o seu medo de que as novas gerações de rapazes europeus estejam a ser pressionados a casar com vacas.

Estou aqui para mostrar que há outras pessoas no mundo que partilham da visão [da Rússia] sobre o mundo (…), para mostrar a uma dona de casa na Sicília que é normal olhar com espanto para o seu filho que se quer casar com uma vaca”.

Quem possa pensar que o evento se tratou de uma mera curiosidade, sem grande repercussão junto do Kremlin, desengane-se. Entre os presentes esteve o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, que discursou e leu ainda uma missiva assinada por Vladimir Putin. “Não estamos a ver apenas neo-nazismo, estamos a assistir ao nazismo direto, que assola cada vez mais a Europa”, afirmou o governante russo. “Estamos a ver a história a ser destruída perante os nossos olhos.”

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