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No 387.º dia de guerra o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de captura para deter o Presidente Vladimir Putin pelo “crime de guerra” de deportação de crianças ucranianas. Kiev já reagiu, descrevendo que é “apenas o início”, enquanto Moscovo desvalorizou e garantiu que não tem validade jurídica.

Vladimir Putin está na mira de dezenas de países. 14 perguntas sobre o mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional

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No ocidente prossegue a discussão sobre a possibilidade de serem enviados caças à Ucrânia, confirmou a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, após a Polónia ter decidido entregar a Kiev quatro aeronaves MiG-29. Seguindo o exemplo, a Eslováquia anunciou esta sexta-feira o envio de 13 caças MiG-29. O porta-voz do Kremlin lamentou a decisão e garantiu que os aviões de combate serão “destruídos” e não vão mudar estado do conflito.

Estes são os principais acontecimentos que marcaram esta sexta-feira:

O que aconteceu durante a noite?

  • O Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu, nesta sexta-feira, que a Rússia fará tudo para impedir ameaças à segurança da península ucraniana da Crimeia, que anexou em 2014, após referendos considerados ilegais pelo Ocidente.
  • Os Estados Unidos retomaram as missões de reconhecimento com drones no Mar Negro. Esta sexta-feira o An RQ-4 Global Hawk partiu numa operação na região, após o incidente com caças russos que esta semana levou à queda de um drone norte-americano.
  • O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que menos de 2% das crianças “sequestradas” pela Rússia regressam a casa. Segundo o chefe de Estado, só foi possível resgatar 300 de mais de 16.000 menores deportados à força desde o início da invasão russa.
  • O Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou um nova ronda de sanções a oficiais britânicos envolvidos no treino de militares ucranianos. Segundo a agência Nexta, 33 indivíduos foram proibidos de entrar na Rússia.
  • Os EUA estão preocupados com um cenário no qual a China se tente posicionar como um pacificador da guerra na Ucrânia ao promover um cessar-fogo. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca defendeu que defendeu que uma trégua nesta altura não iria conduzir a uma paz duradoura e justa entre a Ucrânia e a Rússia.
  • Sergei Markov, antigo conselheiro e porta-voz do Presidente russo, desvalorizou as acusações do Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre o rapto de crianças ucranianas.”É uma política do governo russo salvar crianças, não roubá-las”, escreveu na conta de Telegram.
  • O líder pró-russo da autoproclamada República Popular de Donetsk, DenisPushilin, disse que as tropas russas conseguiram estabelecer-se em edifícios da fábrica de Azom, na cidade de Bakhmut. Esta sexta-feira o conselheiro do líder regional disse em entrevista ao canal Rossiya 24 que  as unidades russas tomaram controlo de cerca de 70% do território da cidade.
  • A Rússia considera que a decisão do TPI é “legalmente nula”, não havendo validade jurídica para o mandado de captura de Vladimir Putin, avançou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reforçou o argumento e disse que o mandado é “ultrajante” e “inaceitável”. Ainda o ex-Presidente russo Dmitri Medvedev sugeriu que o documento do TPI seja usado como papel higiénico.
  • Maria Lvova-Belova, a comissária russa para os Direitos das Crianças, já reagiu à decisão do Tribunal Penal Internacional de emitir um mandado para a sua captura, que considera validar o trabalho realizado pelas autoridades russas.
  • O Presidente ucraniano já reagiu à decisão do TPI de emitir um mandado de captura do chefe de Estado russo, que descreveu como uma “decisão histórica, da qual partirá a responsabilidade histórica”. Por seu turno, o Presidente do Parlamento ucraniano, Ruslan Stefanchuk, referiu-se à medida como “um grande passo para restaurar a justiça global”.
  • A organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) afirma que a emissão de um mandado de captura contra Vladimir Putin simboliza “um grande dia para as vítimas dos crimes cometidos pelas forças russas na Ucrânia desde 2014”. Já o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, disse que é um passo na responsabilização de Moscovo pela invasão. “Não pode haver impunidade”, sublinhou.

O que aconteceu durante a tarde?

  • Para a Suécia, o anúncio do Presidente Erdogan de que a Turquia vai ratificar a adesão da Finlândia à NATO não é inesperado. “É um desenvolvimento que não queríamos, mas para o qual estávamos preparados”, garantiu Tobias Billström, ministro sueco dos Negócios Estrangeiros.
  • Já os Estados Unidos acolheram o anúncio da Turquia sobre a ratificação da adesão da Finlândia à NATO, mas apelaram a um processo igualmente rápido no caso da Suécia.
  • A deputada ucraniana Inna Sovsun questionou no Twitter quando é que os principais aliados da Ucrânia, Países Baixos, Suécia, França, Reino Unido, Alemanha, Finlândia e EUA, vão enviar caças para o país, seguindo o exemplo da Polónia e Eslováquia.
  • O Parlamento húngaro marcou para 31 de março a ratificação da adesão da Finlândia e Suécia à NATO. No mesmo dia o Presidente turco anunciou que a Turquia também vai ratificar a adesão da Finlândia à NATO.
  • A ONU disse que ainda decorrem as conversações sobre o acordo internacional de exportação de cereais da Ucrânia, cuja continuidade para além de sábado parece incerta devido a desacordos entre Moscovo e Kiev sobre a renovação do protocolo.
  • A Presidente da Moldávia garantiu que o país não está em risco de entrar em guerra. Num discurso ao parlamento moldavo, Maia Sandu afirmou que não há perigo para o país enquanto a Ucrânia continuar a lutar.
  • A União Europeia pode estar a preparar-se para mandar um milhão de munições de artilharia para a Ucrânia. A revelação surgiu no jornal alemão Handelsblatt, que teve acesso à versão preliminar de um plano que conta com o apoio de vários Estados-membros. O Conselho Europeu (CE) também está recetivo.
  • A presidente da Comissão Europeia e o secretário-geral da NATO insistiram na Noruega na necessidade de proteger as infraestruturas críticas dos Estados-membros e consideraram que Oslo é um parceiro essencial para assegurar o fornecimento de energia.

O que aconteceu durante a manhã?

  • O Ministério da Defesa do Reino Unido referiu na sua mais recente atualização sobre a guerra na Ucrânia que a Rússia está a conduzir o mais baixo número de ofensivas na frente de guerra desde janeiro. “Os líderes russos vão provavelmente procurar regenerar o potencial ofensivo das forças assim que as munições e soldados sejam reabastecidos”.
  • O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou que vai condecorar os pilotos do caça Su-27 que abatarem o drone norte-americano MQ-9 que sobrevoava o Mar Negro. Para Sergei Shoigu, os dois pilotos “preveniram a violação” do espaço aéreo que foi “estabelecido” pela Rússia desde o início da operação militar especial.
  • As Forças Armadas ucranianas despromoveram o tenente-coronel ucraniano Kupol, que confessou existir uma perda de alento no seio das tropas da Ucrânia. Em declarações ao Ukrainska Pravda, Valentyn Shevchenko, porta-voz da Força Aérea ucraniana, disse que “foi estabelecido que o militar violou um número de diretrizes no que diz respeito à comunicação e à divulgação de informações que constituem um segredo de Estado”.
  • A diplomacia da China confirmou a visita do Presidente do país, Xi Xinping, à Rússia, na próxima semana. O Presidente chinês chegará à Rússia na segunda-feira e estará no país até quarta-feira. Por essa altura será assinada uma declaração sobre uma “nova era” nas relações entre os dois países. Reagindo ao anúncio, o primeiro-ministro britânico instou o chefe de Estado chinês a usar a oportunidade para tentar convencer a Vladimir Putin a sair da Ucrânia.
  • Um ataque da Rússia em Kostiantynivka e Toretsk, no oblast de Donetsk, fez pelo menos um morto e sete feridos. As Forças Armadas ucranianas informaram que a Rússia lançou nas últimas 24 horas 18 ataques aéreos contra a Ucrânia.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, pediu mais “rapidez” aos aliados na entrega de equipamentos militares. “Se uma entrega fica adiada por um dia, isso significa que alguém vai morrer na linha da frente”, indicou.