O presidente da Câmara do Porto disse esta terça-feira, na apresentação da programação da Galeria Municipal do Porto (GMP), que ainda não foi decidido quem substituirá Filipa Ramos, que pediu para sair da direção artística da GMP.

O autarca, que agradeceu o trabalho desenvolvido por Filipa Ramos, que “agora se materializa nesta programação”, a concretizar ao longo deste ano, referiu que a curadora e investigadora sai a seu pedido por “razões da sua vida pessoal”.

“A Filipa não nos abandona, por razões da sua vida pessoal e opções pessoais pediu para deixar de desempenhar as funções que vinha desempenhando, mas vai continuar a trabalhar connosco como curadora“, disse Rui Moreira.

O autarca afirmou que a sua substituição no cargo que ocupa até final do mês não é um assunto que o preocupe “particularmente”, porque existem “equipas suficientes para assegurar e continuar o projeto”.

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“Acho que [a saída da direção artística] vai dar mais liberdade à Filipa para fazer aquilo que ela se calhar gosta mais e permitir ao mesmo tempo que ajuste as questões privadas que me referiu e que eu respeito. Não houve nenhum dissenso entre a Filipa e o Rui Moreira”, afirmou.

Neste momento, “não vemos necessidade de acelerar qualquer substituição, temos de olhar a dois fatores: primeiro eu tenho um mandato que se estende apenas por mais dois anos e meio e o segundo é que vamos ter este grande desafio de ter uma nova galeria municipal ou extensão da galeria municipal, em que a Filipa também nos vai ajudar, porque tem sido ela a conceber o programa técnico dessa galeria”, disse o autarca.

“O principal é dizer que a Filipa vai continuar a trabalhar connosco, já trabalhava antes de ocupar este lugar, nomeadamente no Fórum do Futuro, e vai continuar, portanto é mais uma mudança de nomenclatura do que outra coisa qualquer“, frisou Rui Moreira.

Natural de Lisboa, Filipa Ramos doutorou-se em Filosofia pela Universidade de Kingston, em Londres.

Curadora da secção de cinema da Art Basel, uma das mais importantes feiras internacionais de arte contemporânea, a portuguesa cofundou, em 2013, a sala de cinema online Vdrome, onde são apresentados trabalhos de cineastas e artistas nas intersecções entre o cinema, as artes visuais e a imagem em movimento.

Com um currículo internacional construído entre a academia, a curadoria e a escrita, Filipa Ramos integrou ainda as equipas curatoriais da 13.ª Bienal de Xangai, que decorreu em 2021, e da oitava Bienal Gherdëina, em Val Gardena, no Norte de Itália, em 2022.

Colaborou em projetos que passaram por instituições como a Tate Modern, em Londres, o museu Bildmuseet, na cidade sueca de Umeå, ou a galeria Ambika P3, em Londres, e tem publicado textos em catálogos de exposições e em diversas revistas internacionais de arte, como a Frieze ou a Mousse.

O seu próximo livro, “The Artist as Ecologist”, será lançado este ano pela editora londrina Lund Humphries.