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É conhecida como um paraíso na terra. Com praias e um clima convidativos, a ilha de Bali, na Indonésia, é um dos maiores destinos turísticos do mundo — especialmente procurada, no último ano, por milhares de pessoas vindas da Rússia e da Ucrânia que procuram fugir da guerra.

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No entanto, a vaga migratória pode estar prestes a sofrer um revés. As autoridades da ilha, em resposta a uma série de incidentes de mau comportamento e desrespeito pelas leis locais, preparam-se tomar uma medida drástica: revogar a política de vistos rápidos para russos e ucranianos, e com isso impedir a sua entrada automática no país.

A informação foi avançada pela CNN Internacional, que espelha a dimensão da vaga migratória: em 2022, quase 60.000 russos visitaram o território no sudeste asiático (o segundo maior grupo de visitantes, a seguir aos australianos). E o número seria muito provavelmente eclipsado este ano: só em janeiro deste ano foram mais 22.500. Se a estes juntarmos os mais de 9.500 cidadãos ucranianos que viajaram até à Indonésia no último ano de guerra, rapidamente se percebe a dimensão da vaga migratória.

O número elevado de turistas tem até aqui sido auxiliado por uma política balinesa de conceder vistos imediatos a cidadãos oriundos de dezenas de países (incluindo, até agora, a Rússia e a Ucrânia), por um período de 30 dias, com uma renovação automática de mais 30.

Tal poderá mudar muito em breve. As autoridades locais já fizeram saber da sua intenção de suspender a emissão automática de vistos, e apontaram o dedo aos vários incidentes de visitantes que tentam permanecer na ilha para lá do tempo permitido, estabelecendo negócios e residência sem as licenças próprias. Vários já chegaram mesmo a ser deportados. “Os estrangeiros vêm a Bali mas portam-se como se estivessem acima da lei”, queixou-se à CNN Internacional um polícia local. “Sempre foi assim e tem, de uma vez por todas, de parar”.

A decisão foi recebida com incredulidade por parte dos ucranianos em Bali, que apontam o dedo aos russos, responsabilizando-os pela maior parte dos incidentes. O cônsul honorário ucraniano na ilha rejeitou a ideia de que houvesse ucranianos a fugir da invasão, e sublinhou que quaisquer cidadãos atualmente na ilha não estão a tentar contornar as regras.

“Os ucranianos não estão a vir de férias para Bali de momento porque o país está a ser invadido. (…) Reafirmamos que os ucranianos em Bali não querem violar as regras e regulamentos [da ilha]“, referiu à CNN Internacional o porta-voz do consulado, Nyoman Astama. A embaixada russa não comentou, para já, a mudança de política.

Problemas com turistas na ilha Indonésia estão longe de ser novidade. Pelo contrário, os visitantes da ilha, oriundos de vários países, são regularmente notícia pelos piores motivos, com vários exemplos de comportamento desordeiro e desrespeito pelas leias e cultura local.

Com esta medida, as autoridades parecem querer assim que ucranianos e russos sirvam de exemplo a outros turistas. “Porquê estes dois países? Porque estão em guerra, então fazem debandada para aqui”, explicou o governador de Bali, Wayan Koster, numa conferência de imprensa esta semana.

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