São mais de 40 audições, incluindo uma de urgência para a presidente executiva da TAP, as que vão ser pedidas pelo PSD no quadro da comissão parlamentar de inquérito à gestão pública e à tutela política da companhia.

Para além dos principais protagonistas do caso Alexandra Reis, incluindo assessores jurídicos, os sociais-democratas querem ouvir os responsáveis à data pelo departamento jurídico da TAP, apesar da então diretora, Stéphanie Sá Silva, não ter participado na negociação por se encontrar em licença de maternidade. A ex-diretora jurídica da TAP, que é casada com Fernando Medina, deixou os quadros da empresa quando o marido foi nomeado ministro das Finanças em março de 2022. Também será chamada a pessoa, não identificada no requerimento do PSD, que a substituiu à frente do gabinete jurídico durante a negociação que resultou no pagamento de meio milhão de euros a Alexandra Reis. O processo que foi conduzido por dois escritórios de advogados externos.

O PSD quer ainda ouvir Lacerda Machado, o ex-administrador não executivo, conhecido por ser próximo de António Costa, e que representou o Estado no conselho da TAP quando esta era gerida por acionistas privados, tendo saído já na gestão pública. O advogado ajudou o primeiro Governo de Costa a negociar com os privados a retoma de 50% do capital da TAP, uma operação que manteve o comando da companhia na esfera privada. Miguel Frasquilho que foi presidente do conselho de administração até 2021 e acompanhou a negociação do plano de reestruturação, também é chamado.

A lista inclui vários antigos administradores e diretores da TAP que iniciaram as suas funções ainda na gestão privada, mas que em alguns casos só na gestão pública é que negociaram a sua saída, como o antigo quadro da PT que foi para a empresa, Abílio Martins que foi vice-presidente da área de marketing e vendas, trazido pelos investidores brasileiros que compraram metade do capital em 2015. Quer o empresário David Neeleman, quer Antonoaldo Neves, o gestor brasileiro que nomeou para a presidência da TAP em 2017, estão na lista das audições, assim como o empresário português Humberto Pedrosa que contratou Alexandra Reis e que saiu da transportadora no final de 2021. Fernando Pinto, o histórico presidente da TAP antes da nacionalização também está na lista, tal como todos os antigos administradores financeiros.

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Serão também chamados todos os sindicatos da TAP, o presidente da mesa da assembleia geral que se demitiu e os gestores que transitaram da comissão executiva liderada interinamente por Ramiro Sequeira,

No Governo, os pedidos de audição incluem os ex-responsáveis da pasta das Finanças, João Leão e Miguel Cruz, que estavam em funções quando Alexandra Reis saiu, mas que não terão sido informados da indemnização paga pela TAP, para além dos óbvios como o ex-ministro Pedro Nuno Santos, o seu ex-secretário de Estado, Hugo Mendes, e a sua chefe de gabinete que surge como destinatária de um mail da auditoria da Inspeção-Geral de Finanças e que ainda está em funções no Ministério das Infraestruturas.

Há ainda responsáveis da Direção-Geral do Tesouro e da Parpública, que exerceram ou exercem função acionista do Estado na TAP, a Inspeção-Geral de Finanças e o presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, Mário Laginha.

Alguns destes nomes são comuns às intenções já divulgadas por outros partidos, como o PCP ou a IL. Os requerimentos com pedidos de audição começam a ser votados esta quarta-feira.