Ao longo dos 63 dias que mediaram a apresentação oficial como novo selecionador e a primeira convocatória, Roberto Martínez foi tendo durante a semana aulas de português entre todas as conversas com jogadores, observações de jogos e demais trabalhos que foi fazendo. No entanto, e para explicar com melhor fluência as suas ideias, optou nesta primeira conferência antes de um encontro falar em espanhol. E foi em espanhol que foi analisando dentro do possível os três dias de trabalho que teve com os 25 convocados (Pepe também foi chamado mas saiu por lesão), incluindo a promoção de Celton Biai a terceiro guarda-redes no lugar de Diogo Costa também por motivos físicos. A Seleção entra numa nova era depois de oito anos de Fernando Santos mas, à semelhança do que aconteceu nos últimos anos, foi à volta de Ronaldo que começou a falar.

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“O Cristiano fala português muito, muito bem mas neste caso vou responder em espanhol para explicar-me melhor… Acredito que este é um novo ciclo e um novo ciclo onde o Cristiano nos faz melhores. As decisões futebolísticas e desportivas vão ser tomadas no campo e considero que todos os jogadores vêm para acrescentar. Temos dois jogos num período curto e nesta altura não é o momento de ser ou não titular, é o momento de estar envolvido, de estar preparado e ajudar a Seleção. Neste dois dias, o grau de compromisso dos jogadores surpreendeu-me, há um amor e um carinho grande pela Seleção e como treinador assim é muito mais fácil tomar as decisões”, começou por dizer, sem abrir o jogo sobre as opções iniciais.

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“Cristiano e Gonçalo Ramos juntos na equipa? Pode ser, são os dois pontas de lança e dependendo do adversário, do momento e da necessidade da equipa… O que quero é uma equipa flexível, ou seja, não é que joguemos com um dos dois pontas de lanças mas que tenhamos flexibilidade. Temos de tentar evoluir com isso. Hino? É muito importante como selecionador, é quase como um grito de guerra de uma seleção e é algo que quero aprender. Capitães? Os jogadores com mais internacionalizações serão os capitães, além do Cristiano será o Rui Patrício e o Bernardo”, destacou, antes de salientar um ponto em concreto do trabalho.

“Para mim o importante é o grau de compromisso de todos os jogadores e o Cristiano é o nosso capitão e é muito importante em qualquer novo ciclo pela sua experiência. Não posso dizer como estava antes a equipa, posso dizer que nestes três dias foi uma surpresa muito grande para mim, muito agradável. A qualidade é clara, a qualidade individual é impressionante, mas o grau de atitude e de vontade em crescer também. A partir daí é tentarmos desenvolver ao máximo o nosso trabalho”, salientou o espanhol.

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“O importante não é que se tenha uma ideia clara de quem vai começar os jogos, é que os jogadores percebam que têm os treinos para mostrar como se encontram e o que podem fazer, também as relações. Amanhã será um encontro que já vale três pontos, que será muito importante por isso e onde devemos já começar a mostrar aquilo que queremos ser: uma equipa com princípios, com muita personalidade com bola, que quer ter bola, que quer recuperar de forma rápida, com uma exigência física quando perdemos a posse. Depois teremos de evoluir nisso. Jogar com três centrais ou não, depende do adversário… Podemos defender com uma linha de cinco, com uma linha de quatro e por isso para mim era importante começar com um grupo de jogadores com experiência que se possa adaptar a essa variedade. Daí a importância de sermos uma equipa flexível, para podermos ir variando a estrutura de jogo para jogo e durante o jogo”, frisou.

“O Liechtenstein será uma equipa motivada, com grande interesse em jogar contra nós e por isso precisamos ter as coisas muito claras, saber como podemos de alguma forma encontrar os espaços e evitar que eles com o seu jogo de contra-ataques e bolas paradas possam causar mossa. Será um jogo muito exigente em termos físicos porque é complicado derrubar este tipo de organizações defensivas tão rígidas. A equipa vai depender muito dos últimos três treinos, é importante que sejam um reflexo para o ponto de partida. Não é um jogo particular, é a contar, temos de ganhar e a partir daí crescer. O que mais me impressionou foi mesmo o grau de compromisso de todos os jogadores e assim podemos ser mais do que a mera soma das individualidades”, enfatizou, explicando ainda o problema físico que levou à dispensa de Diogo Costa.

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“A chamada do Celton Biai foi porque tínhamos um período muito curto de trabalho e seria bom assim podermos contar com mais um guarda-redes, neste caso dos Sub-21,  na dinâmica do treino. O Diogo Costa tem um pequeno problema no ombro, não queremos arriscar, saiu da convocatória e assim o Celton será um dos três guarda-redes que teremos nestes jogos. Foi importante por isso. Tiki taka? Não vamos tentar imitar ninguém porque temos capacidade técnica para jogar tiki taka mas temos capacidade física para jogar em transições muito fortes. Temos capacidade para jogar em qualquer estilo”, concluiu.