A administradora do Banco de Portugal Francisca Guedes de Oliveira referiu esta quarta-feira que as taxas máximas do crédito ao consumo não têm refletido integralmente a subida das taxas de referência, sendo que na locação automóvel esta já foi ultrapassada.

Falando na conferência anual da Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC), que decorre esta quarta-feira em Lisboa, Francisca Guedes de Oliveira salientou que “a evolução destas taxas máximas no crédito ao consumo não tem refletido integralmente o aumento rápido das taxas de juro de referência do mercado”, verificando-se uma redução da margem.

“Em todos os segmentos de crédito verifica-se uma redução da margem entre as taxas máximas e as taxas de referência do mercado”, sendo esta situação “particularmente crítica” nos segmentos de locação financeira automóvel.

Neste segmento, concretamente na locação financeira de automóveis novos, referiu, a Euribor a 12 meses já ultrapassou a taxa máxima de referência no primeiro trimestre de 2023.

Uma situação que é “motivo de alguma preocupação”, disse, depois de ter apontado o impacto que o aumento rápido das taxas de juro, como aquele a que se tem assistido nestes últimos meses, tem no ajustamento das taxas máximas aplicadas no crédito ao consumo.

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Não cabendo ao BdP a metodologia de cálculo das taxas máximas (que está definida na legislação), referiu que o supervisor é sensível e está atento a esta situação.

A administradora do Banco de Portugal referiu-se ainda ao impacto que o aumento da inflação e consequente subida das taxas de juro teve e vai continuar a ter na resiliência financeira dos consumidores, salientando que isto exige das instituições que trabalham contratos de crédito ao consumo um rigor acrescido na avaliação de risco e uma atitude proativa na deteção e acompanhamento dos clientes que possam vir a ter dificuldades.

António Mendonça, bastonário da Ordem dos Economistas, que também participou nesta conferência, alertou, por seu lado, para o facto de a política conjuntural estar “esgotada”, correndo o risco de acentuar “os problemas estruturais”.

Neste contexto, salientou a necessidade de se pensar a economia de forma estrutural e com visão estratégica, recusando modelos em que se mudam políticas ao sabor da mudança de ministros ou de governos.

Já o secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), Hélder Pedro, destacou, entre outros pontos, a necessidade de Portugal reforçar os incentivos à mobilidade elétrica e reforçar a rede de carregamento.