A presidente do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte revela que os atrasos nas refeições dos utentes na urgência do Hospital de Santa Maria na segunda-feira resultaram de uma rutura no serviço de apoio devido à falta de operacionais.

A CNN divulgou na terça-feira uma reportagem com relatos de queixas de doentes que estavam na zona de internamentos temporários nas urgências sobre atrasos na alimentação, havendo doentes que só almoçaram às 17h00.

Comentando esta situação, à margem da primeira edição do “SNS Summit”, que está a decorrer na Aula Magna do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a presidente do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), Ana Paula Martins, afirmou que “foi uma situação pontual”.

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“Que haja um doente só, um cidadão que esteja nas nossas instalações e no serviço de urgência e que não lhe tenha chegado a refeição na altura que era prevista, tem que ser encarado por nós com muita responsabilidade“, disse Ana Paula Martins, referindo que “foi uma rutura no serviço de apoio” e que a situação está a ser averiguada.

“Felizmente não é habitual termos pessoas sem comer tantas horas (…) e eu creio que (…) foi uma rutura no serviço de apoio”, disse, adiantando que “faltaram operacionais”.

A presidente do CHULN referiu que uma “grande afluência” de doentes urgentes no serviço de urgência geral cria um “maior stresse dentro do movimento de urgência e isso, por vezes, cria também falta de meios voluntários”, que, enalteceu, “ocupam um espaço muito importante em qualquer situação de urgência”.

“Às vezes é difícil, quando nos faltam pessoas que não podemos obrigar a estar aqui, que são voluntárias, ou quando temos ruturas de assistentes operacionais, conseguir dar resposta”, disse Ana Paula Martins, garantindo que estão a ser tomadas “todas as medidas para que não volte a acontecer”.

O diretor executivo do SNS tinha anunciado antes que estão a ser preparadas medidas para alterar o sistema de referenciação para as urgências, nomeadamente dos casos não urgentes, advertindo que é uma situação inadiável.

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Ana Paula Martins disse concordar “em absoluto” com a necessidade de resolver este problema que resulta em “urgências cheias e pessoas a esperar horas e horas”.

“É urgente encontrar uma solução para os cidadãos que são triados com verde e azul (casos não urgentes)”, defendeu, salientando que as salas de urgência e de espera do hospital “não foram preparadas para ter tantas e tantas dezenas de pessoas, tantas horas à espera”.

Segundo Ana Paula Martins, os casos não urgentes representam cerca de 15% a 20% das pessoas que recorrem às urgências do Hospital Santa Maria, mas tornam-se um problema porque “sempre que um cidadão está 12, 15, 16 horas, mesmo sendo verde e azul, é um problema para o Serviço Nacional de Saúde”.

“É um problema de confiança e é um problema para o Hospital de Santa Maria que não está organizado no serviço de urgência para garantir comida a estas pessoas, para garantir apoio em termos até da sua medicação crónica”, rematou.