A procuradora-geral de Israel, Gali Baharav-Miara, acusou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de estar a violar a lei ao tentar interferir no sistema judicial.

Na noite passada, anunciou publicamente que tenciona violar as decisões do Supremo Tribunal e agir de forma contrária à opinião do conselheiro legal do governo”, afirmou a procuradora num comunicado divulgado esta sexta-feira.

Baharav-Miara classificou as ações do primeiro-ministro como representantes de um “conflito de interesses” — Netanyahu está atualmente a ser julgado por vários crimes de corrupção.

O governo israelita aprovou esta quinta-feira uma lei que retira aos tribunais o poder de declarar um primeiro-ministro como inapto para o cargo, meses depois de ter avançado com uma lei judicial altamente contestada, que permite maior interferência do Parlamento face às decisões dos tribunais, explica a Reuters.

Parlamento israelita aprova polémica lei que impede primeiro-ministro de ser afastado do cargo

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Num discurso ao país depois da aprovação da mais recente lei, Netanyahu garantiu que irá tentar encontrar uma solução para acalmar a tensão social em Israel, dizendo que, com esta nova lei, está agora capaz de se envolver diretamente no processo. “Até hoje estava de mãos atadas. Já não estou. Entro no tema, pelo povo e pelo país, e irei fazer tudo no meu poder para encontrar uma solução e acalmar os espíritos da nação”, afirmou o primeiro-ministro.

Inicialmente houve relatos de que Netanyahu poderia recuar. Isto porque o Canal 12, em Israel, noticiou que cerca de 200 pilotos de elite da Força Aérea, na reserva, anunciaram que vão suspender o seu serviço em protesto contra as leis judiciais que o governo está a aprovar. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, terá pedido ao primeiro-ministro para travar o processo, mas este não deu sinais de que o irá fazer.

Em reação ao comunicado da procuradora-geral, o ministro da Segurança Itamar Ben-Gvir acusou a procuradora de estar a fazer o trabalho da oposição: “Se a senhora Baharav-Miara quer tomar decisões no lugar dos responsáveis eleitos, pode formar um partido e concorrer ao Parlamento”, escreveu no Twitter o político do partido de extrema-direita

Benjamin Netanyahu prometeu que o seu governo irá aprovar ainda mais medidas ao longo dos próximos dias. Em reação, já foi convocada uma “semana de paralização”, que deverá incluir manifestações de civis e militares, segundo o Times of Israel.