Quando aterrou em Lisboa no final de maio, num dia de primeiro contacto com a imprensa logo no aeroporto e que teve depois passagens pelo Estádio da Luz, pelo Museu Cosme Damião (onde assinou contrato) e pelo centro de estágio do Seixal, Roger Schmidt teve uma frase que não demorou a cair no goto dos adeptos do Benfica. “É um dos melhores clubes do Mundo. Se nós amamos o futebol, amamos o Benfica”, atirou, naquilo que na altura foi descrito sobretudo como uma frase de circunstância para entrar com o pé direito na primeira aventura em Portugal após passagens por Alemanha, Áustria, China e Países Baixos. Com o tempo, e com os resultados que fazem sempre a diferença no que toca à perceção que se tem de um treinador, foi-se percebendo que aquela frase era mais do que isso. Seis meses depois, por outras palavras, diz o mesmo.
“Estou feliz pelo Benfica e pelos adeptos. Nunca vi tanta paixão e amor pelo futebol como aqui. É um sonho para todos. Na Alemanha, não imaginam o que o futebol significa para os adeptos aqui. Estamos a tentar apenas deixá-los orgulhosos e felizes”, comentou o técnico germânico ao Prime Video após a goleada frente ao Club Brugge que carimbou a passagem aos quartos da Champions, onde irá jogar com o Inter. Em 44 jogos, e mesmo não tendo ganho a Taça da Liga (e a Taça de Portugal, de onde saiu no desempate por grandes penalidades em Braga), o Benfica sofreu apenas uma derrota em Braga para o Campeonato, somou 36 vitória, já passou a fasquia dos 100 golos (112) e já sonha não só com a reconquista do título mas também com um possível regresso a uma final europeia apresentando um futebol que não passa ao lado de ninguém.
Foi nesse contexto que Roger Schmidt deu uma entrevista ao Der Spiegel, passada em alguns excertos pelo próprio clube, onde voltou a reforçar uma realidade talvez não muito conhecida na Alemanha mas que tem continuado a impressionar o treinador germânico que nas últimas duas temporadas treinou o PSV.
“Para mim, como amante de futebol, podemos falar de grandes clubes e o Benfica é um deles, ao nível de um Real Madrid ou de um Barcelona. O Benfica é o expoente máximo do futebol. Historicamente, e em termos de dimensão, é muito especial. Não houve ninguém a comprar o clube por quatro mil milhões de euros e a injetar aqui dinheiro de repente. É um clube em que as pessoas poupam todos os meses para poder ir ao estádio, é um clube que tem de vender jogadores para funcionar, um clube com 20 modalidades diferentes e todas as pessoas acompanham essas modalidades com paixão”, destacou o técnico encarnado.
“O clube tem grandes objetivos. O Benfica joga para vencer títulos, temos de dar alegrias aos adeptos. É preciso preparar os jogadores para assumir essa responsabilidade. Têm de estar ao mais alto nível e isso não acontece se nos concentramos apenas em 11 jogadores. É claro que em todos os jogos há uma equipa titular, mas temos de olhar para o grupo todo. Para vencer o título em Portugal, são precisos 85 ou 90 pontos, portanto tem de se ganhar quase sempre e isso só acontece quando temos todos os jogadores prontos para entrar, seja qual for o contexto”, acrescentou ainda a esse propósito, falando depois dos títulos e de uma promessa que acabou por não ser cumprida como desejava… por ser um obstáculo difícil: a linguagem.
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— SL Benfica (@SLBenfica) March 25, 2023
“Há três anos que o Benfica não vence títulos, seja um campeonato ou taças, portanto a expectativa é elevada. Temos de fazer por isso mas estou concentrado no presente. Tenho tido bons resultados a pensar assim. Não sou um treinador que pensa que o adversário joga de determinada forma e que, por isso, vou passar a semana a determinar a forma como vamos jogar. Na minha cabeça, está 100% clara a forma de jogar”, explicou. “No início, prometi que ia aprender português mas é complicado. É uma língua muito difícil e seria um investimento temporal muito grande até saber o suficiente para dar treinos em português. Para falar a verdade, não me atrevo. Em inglês funciona bem. Gostava de falar português, aliás gostava de falar mais línguas, mas era preciso ter aprendido quando era mais novo”, completou Roger Schmidt.
Roger Schmidt: "O Benfica é o expoente máximo do futebol"
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