A população mundial pode atingir o pico décadas mais cedo do que o previsto até agora. Um novo estudo, da autoria do Clube de Roma (uma organização não-governamental dedicada à discussão de temáticas ligadas ao ambiente e desenvolvimento sustentável), prevê que o número máximo de habitantes do planeta Terra seja atingido em 2050, com uma descida acentuada durante a segunda metade do século XXI.

O novo estudo prevê que a população mundial atinja um limite de 8.8 mil milhões de habitantes nas próximas décadas, esperando-se que o número desça em seguida para os cerca de 7.3 mil milhões até 2100.

As conclusões da ONG são, deste modo, bastante diferentes das projeções apresentadas por organizações como as Nações Unidas (ONU), que preveem um pico populacional mais tardio e em número bastante mais elevado. Em 2022, no seu mais recente relatório, a ONU apontava para um pico de cerca de 10.4 mil milhões de pessoas, que seria atingido algures durante a década de 2080.

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A principal causa para o abrandamento no crescimento da população deve-se, sobretudo, à queda das taxas de natalidade. Caso se venha a confirmar, a nova previsão é uma boa notícia para o meio ambiente, que há décadas vive sob ameaça de uma “bomba populacional” — um crescimento extremo no número de habitantes do planeta, que colocaria mais pressão sobre os desafios das alterações climáticas.

Além dos fatores demográficos conhecidos, o estudo propõe ainda uma série de políticas que, a serem adotadas, teriam um impacto positivo no problema populacional. Investimentos na educação, nos serviços sociais e mais impostos sobre os mais ricos são medidas que, de acordo com o Clube de Roma, fariam com que o pico da população mundial fosse atingido já em 2040, diminuindo depois para os 6 mil milhões de habitantes até 2100 (números semelhantes aos do final do século XX), com impacto positivo nos níveis de vida das populações e da evolução das espécies.

Ao jornal britânico The Guardian, Ben Callegari elencou a importância destas medidas, sublinhando que o estudo, apesar de positivo, apresenta alguns problemas. “Isto dá-nos evidências para acreditar que a ‘bomba populacional’ não vai rebentar, mas ainda enfrentamos desafios significativos do ponto de vista ambiental”.

Prova disso, defende, é que a primeira previsão (que não contempla medidas adicionais) já teria consequências devastadoras. “Apesar de este cenário não resultar num colapso climático e ecológico total, a probabilidade de colapsos regionais da sociedade aumenta ao longo das décadas até 2050, fruto das divisões sociais internas e entre diferentes sociedades”.

Por outro lado, ao adotar medidas concretas, os resultados seriam bem diferentes. “Até 2050, as emissões de gases de efeito de estufa diminuiriam em cerca de 90% comparados com 2020”. O aumento da temperatura, diz o especialista, ficaria abaixo dos 2ºC, e em várias partes do mundo a vida selvagem conseguiria sobreviver e recuperar dos efeitos do aquecimento global.

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