Algumas partes do código-fonte do Twitter, linhas de código que permite com que a rede social funcione, foram disponibilizadas no GitHub, a plataforma usada por quem trabalha com programação para partilhar projetos e colaborar online, sem consentimento da empresa. Não se sabe concretamente quando é que foi feita a partilha, mas há suspeitas de que o código tenha estado disponível na plataforma durante alguns meses.

A revelação foi feita pela própria rede social num documento que apresentou este domingo no tribunal da Califórnia, avançou o jornal New York Times (NYT). A rede social recorreu à justiça para apurar responsabilidades, uma vez que houve violação da propriedade intelectual da companhia. A empresa de Elon Musk explicou junto do tribunal que pediu na sexta-feira (24 de março) ao GitHub para apagar a publicação – a plataforma acedeu e retirou a publicação no próprio dia.

Mas o Twitter quer mais, recorrendo ao tribunal californiano para ordenar ao GitHub, que é detido pela Microsoft, que não só identifique o autor da publicação, como também todas as pessoas que descarregaram o código-fonte do Twitter.

A pessoa que fez a partilha do código usou o pseudónimo “FreeSpeechEnthusiast” no GitHub, entusiasta do discurso livre, uma alusão a Elon Musk. Quando anunciou, em abril do ano passado, a intenção de comprar o Twitter, o dono da Tesla disse que queria defender a liberdade de expressão.

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O Twitter terá começado a investigar internamente esta fuga de informação e o NYT refere que, entre os executivos, há suspeitas de que a partilha possa ter sido feita por um ex-trabalhador descontente. Já saíram do Twitter milhares de pessoas desde novembro de 2022. Quando Musk chegou à rede social havia 7.500 trabalhadores; entre saídas voluntárias e despedimentos, estima-se que o número tenha encolhido cerca de 75% e que atualmente a empresa tenha menos de 2 mil empregados.

Os executivos do Twitter só terão percebido recentemente que o código-fonte andava a circular, explicaram duas fontes ao NYT. Uma vez que este tipo de código é visto como um dos ativos mais relevantes das tecnológicas, haverá internamente preocupações sobre sabotagem, violação dos direitos de autor e também sobre como os cibercriminosos podem explorar possíveis vulnerabilidades.

A revelação do código-fonte do Twitter acontece num momento de turbulência para a companhia, que valerá agora 20 mil milhões de dólares (18,6 mil milhões de euros), menos de metade dos 44 mil milhões de dólares que Musk deu pela empresa. A informação sobre o atual valor da empresa foi dada pelo próprio Elon Musk, num email enviado aos empregados e a que o NYT teve acesso. Nessa correspondência, o CEO alertou que a rede social continua numa situação financeira precária e que, num dado momento, tinha apenas dinheiro para sobreviver durante quatro meses.

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“O Twitter está a ser transformado de forma rápida”, acrescentou Musk, referindo que já teve de fazer “mudanças radicais” na empresa para evitar a falência.

Os primeiros meses de Musk ao leme do Twitter têm sido marcados por notícias ligadas a despedimentos, pagamentos em falta das rendas dos escritórios da empresa e instabilidades no funcionamento da rede social.

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