O Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) alertou esta segunda-feira a direção executiva do SNS (DE-SNS) para discrepâncias na aplicação do diploma sobre a progressão salarial que estão a criar injustiças entre esses profissionais de saúde.

“Estas discrepâncias criam desigualdades e injustiças e uma situação em que enfermeiros mais jovens recebem mais do que enfermeiros mais antigos”, adiantou à Lusa o vice-presidente do Sindepor, Fernando Fernandes, após se ter reunido esta segunda-feira com a DE-SNS.

Segundo o dirigente sindical, as diferentes interpretações do diploma aprovado pelo Governo no final de 2022 “continuam a existir” em várias unidades de saúde e “todos os dias chegam ao departamento jurídico” do sindicato denúncias nesse sentido.

Essa situação resulta da interpretação do decreto-lei feita pelos responsáveis das unidades de saúde, salientou Fernando Fernandes, para quem o diploma que permitiu descongelar a progressão salarial dos enfermeiros é o resultado de uma “decisão superior”.

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“A decisão foi superior e ministerial, a vontade foi governamental e só se tem de fazer cumprir o que está estipulado no decreto-lei” de uma forma uniformizada no país, alegou o vice-presidente do Sindepor.

Em novembro de 2022, o Ministério da Saúde anunciou que cerca de 20 mil enfermeiros seriam abrangidos pelo descongelamento da progressão salarial, com o pagamento dos retroativos ao início desse ano e com uma subida de uma ou duas posições remuneratórias.

Cerca de 20 mil enfermeiros abrangidos pela progressão salarial negociada com sindicatos

Este reposicionamento, segundo o Governo, representou um esforço orçamental de cerca de 72 milhões de euros em 2022, valor que sobe para cerca de 80 milhões nos anos seguintes.

Na reunião desta segunda-feira com a DE-SNS, o Sindepor alertou ainda para a “injustiça tremenda” que deriva do facto de os enfermeiros com contratos de trabalho em funções públicas “terem direitos diferentes” dos contratos individuais de trabalho.

A solução para esta situação é “relativamente simples de se fazer e passa por equiparar os direitos e deveres em ambas as carreiras, mas ainda não obtivemos resposta por parte da Administração Central do Sistema de Saúde”, referiu o dirigente sindical.

O Sindepor alertou também a entidade liderada por Fernando Araújo para a situação de “enfermeiros que estão anos e anos com contratos de trabalho precários” no Serviço Nacional de Saúde.

“Alguns deles foram contratados no âmbito da Covid-19 e outros anteriores à pandemia, mas que se mantêm em contratos precários durante dois, três, quatro e cinco anos”, disse Fernando Fernandes, que reconheceu que essa matéria é uma prioridade do sindicato, mas também do Governo.