O ministro da Administração Interna (MAI) manifestou esta terça-feira disponibilidade para ser ouvido no parlamento sobre o ataque esta terça-feira ocorrido no Centro Ismaili de Lisboa ou outras matérias de segurança se a Assembleia da República assim o entender.

José Luís Carneiro expressou a disponibilidade de comparecer no Parlamento ao ser confrontado com as críticas feitas pelo presidente do Chega e com o facto de André Ventura ter requerido a presença do ministro da Administração Interna no parlamento e proposto ainda um debate sobre política de imigração.

O ministro falava aos jornalistas nas instalações do seu ministério, no final de uma reunião com o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, naquela que foi a segunda ronda negocial sobre a diretiva financeira que enquadra o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais, que este ano tem uma dotação orçamental de 52,7 milhões de euros.

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Foi à saída da reunião que José Luís Carneiro referiu que, “quando o parlamento assim o entender”, estará pronto, assim como outros membros do governo, a ir à Assembleia da República “explicar tudo o que tem a ver com a matéria de segurança”.

O ministro salientou que tem sido sempre esse o seu timbre, recordando que “já foi várias vezes ao parlamento durante este ano parlamento”, pelo que “também poderá falar sobre política de imigração” se essa for a vontade dos deputados.

Acerca das críticas do Chega à política de acolhimento e de verificação feitas às pessoas que entram em Portugal, o ministro não quis antecipar qualquer resposta, observando apenas que, “quando tiver oportunidade no parlamento, falará sobre esses temas com a profundidade e a abrangência necessárias”.

Ventura considerou que existe um “descontrolo na imigração” e apontou que o Chega alertou “para a necessidade imperiosa de um controlo rigoroso” sobretudo de “cidadãos oriundos de alguns estados falhados, ou estados onde impera a violência”.

Questionado sobre as eventuais motivações do refugiado afegão que matou duas mulheres no Centro Ismaili e feriu uma terceira pessoa, José Luís Carneiro disse ser necessário “aguardar pelas investigações”, apelando à serenidade e lembrando que Portugal “é um país pacífico”.

A este propósito, mencionou que os indicadores da criminalidade de 2022 comparados com 2019 registam uma diminuição de 7,8% na criminalidade grave e violenta, o que evidencia que Portugal “continua a ser um país pacífico”.

Embora sem querer antecipar conclusões, tanto mais que decorrem investigações policiais, o ministro disse porém que “tudo leva a crer” que se “tratou de um ato isolado”. Aproveitou ainda para depositar toda a confiança nas investigações da Polícia Judiciária (PJ), a qual está a apurar “os contornos” e as “eventuais motivações” do agressor.

José Luís Carneiro reiterou a sua solidariedade com a comunidade ismaelita, realçando a importância da mesma na cultura, na integração e desenvolvimento económico de Portugal.

O ministro elogiou ainda a pronta atuação das forças policiais e de segurança ao crime ocorrido no Centro Ismaili, comunidade que, disse, prestava apoio ao refugiado no que respeitava à sua integração e conhecimento da língua, bem aos filhos menores deste.

Duas mulheres foram esta terça-feira mortas no Centro Ismaili, em Lisboa, num ataque com uma arma branca por um refugiado afegão que foi detido e que está hospitalizado após sido baleado pela polícia.

O ataque — cuja motivação é ainda desconhecida — fez mais um ferido, e foi condenado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, António Costa.

O homicida agora detido é beneficiário, como refugiado, do estatuto de proteção internacional e não era alvo de “qualquer sinalização” pelas autoridades.