Nelson Silva, antigo deputado, ex-dirigente do PAN e assumido crítico de Inês Sousa Real, será candidato à liderança do partido, num congresso que deverá acontecer até junho. Por entre muitas críticas àquilo que diz ser a falta de democracia interna do partido, o cineasta propõe-se a “dar início a uma trajetória de recuperação eleitoral” e alterar o “rumo estratégico do partido”.

“Estamos a lutar pela sobrevivência do partido, que se arrisca a desaparecer. A direção atual do partido descaracterizou-o, transformou-o num partido de nicho e de monotema. Vai ser difícil reverter a situação do PAN, mas há tempo para desenvolver o partido e voltar às bases políticas do PAN”, diz Nelson Silva ao Observador.

Para o adversário de Sousa Real, urge dar uma nova voz ao PAN e torná-lo capaz de fazer oposição verdadeiramente efetiva ao Governo socialista. “A geringonça veio enfraquecer a esquerda, mas neste momento nenhum partido à esquerda ou à direita está a fazer oposição. Precisamos todos de ideias frescas. É esse o nosso objetivo”.

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Nelson Silva: “Inês Sousa Real descaracterizou o PAN”

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Numa nota enviada à comunicação social, Nelson Silva, que se assume como porta-voz da corrente opinião interna “Mais PAN, Agir para Renovar”, explica os objetivos desta candidatura. “Queremos afirmar o PAN como a força da ecologia política em Portugal, uma força presente na construção de soluções para os grandes problemas ecológicos, sem esquecer a luta pelo bem-estar animal, parte integrante da ecologia e da matriz fundacional do PAN”.

“Pretendemos ainda um PAN mais presente na vida dos portugueses, sobretudo na preservação dos pilares do estado social democrático (saúde, educação, habitação, emprego, segurança e justiça social), atualmente ameaçados em múltiplos aspetos”, continuam os elementos desta corrente.

De acordo com este grupo de críticos internos de Sousa Real, é urgente ter um PAN “mais exigente para com o Governo de António Costa, escrutinador da atividade governativa e que não se deixe ludibriar pelas ‘pequenas conquistas’ negociadas com o primeiro-ministro”, que “nada acrescentam de valorização política ao partido”.

A nível interno, Nelson Silva exige um partido “mais democrático e livre”, em que os militantes tenham “mais poder de decisão e possibilidade de participação”, acabando com aquilo que diz serem as “tentativas de introduzir nos estatutos e regulamentos internos disposições de censura e violação da liberdade de expressão dos filiados”.

Já em novembro de 2022, o antigo dirigente do PAN sugeria, em declarações ao Observador, estar disposto a entrar na corrida à liderança do partido. “Havendo vontade, estou disponível para ser líder”, afirmou na altura. “Queremos voltar a ter um PAN em Portugal que seja a grande força ecologista.”

Em 2017, Nelson Silva foi eleito deputado municipal por Odivelas. Um ano depois, foi eleito membro da Comissão Política Distrital de Lisboa e, em 2019, chegou a Comissário Político Nacional. Nas legislativas de 2019 concorreu em 3º lugar na lista do PAN pelo círculo eleitoral de Lisboa. Viria a substituir André Silva, em 2021.