A orca Lolita, também conhecida como Toki, vai ser devolvida ao Oceano Pacífico depois de mais de 50 anos mantida em cativeiro. Com 57 anos, é atualmente uma das principais atrações do Miami Seaquarium, nos EUA.
O anúncio foi feito quinta-feira pelo parque aquático, onde a orca “residente do sul” vive há 53 anos, revelando o acordo assinado com a organização sem fins lucrativos “Friends of Lolita”. O comunicado vem finalizar um processo de vários anos e vai permitir que Lolita seja libertada e devolvida ao seu habitat natural. No entanto, a sua relocalização está prevista para os próximos 18 a 24 meses.
We are proud to share that the @MiamiSeaquarium has entered into a formal and binding agreement with Friends of Lolita to change Lolita’s future. pic.twitter.com/oWWvbIgkFK
— The Dolphin Company (@TheDolphinCo_) March 30, 2023
Capturada em 1970 no estuário de Puget, no Oceano Pacífico, Lolita tinha quatro anos quando foi levada para o aquário. Até 1980, teve a companhia de Hugo, uma outra orca que acabou por morrer com um aneurisma cerebral. Desde então, este famoso animal não voltou a ter um companheiro da mesma espécie com quem partilhar o aquário.
Por serem animais altamente sociais, a solidão da orca gerou preocupação entre as organizações de defesa dos direitos dos animais que ao longo dos anos têm vindo a criticar as condições do parque aquático.
“Se a Lolita for finalmente devolvida à sua casa, haverá aplausos por todo o mundo, incluindo da PETA, que tem avançado com várias ações judiciais em nome da Lolita e tem lutado contra o Seaquarium com protestos a exigir a sua liberdade durante anos”, afirmou a ONG, citada no Miami Herald.
Antes da mudança de gerência do Miami Seaquarium, no ano passado, Lolita vivia num aquário onde a água lhe causava infeções na pele. Era também frequentemente alimentada com peixes podres, que lhe provocavam problemas intestinais.
Em março de 2022, visando o seu bem-estar, os novos proprietários do parque aquático, donos da Dolphin Company, decidiram que Lolita se iria reformar e deixar de fazer espetáculos. “Encontrar um futuro melhor para Lolita é uma das razões que nos motivou a adquirir o Miami Seaquarium”, disse o presidente executivo da Dolphin Company.
Já foram avançadas várias possibilidades para relocalizar Lolita, incluindo uma nas águas onde a sua família ainda nada. Acredita-se que, com 95 anos, a sua mãe ainda esteja viva.
“Há a oportunidade de ela se conectar acusticamente com a sua família, sem dúvida”, disse Charles Vinick, o diretor executivo do projeto Santuário das Baleias, citado na CNN, explicando como tal será possível: “Acusticamente, sim, e potencialmente fisicamente ao longo do tempo.”
A orca vai ser transportada de Miami até ao estado de Washington, onde será monitorizada e onde irá aprender a caçar peixe, depois de décadas a ser alimentada por cuidadores. O objetivo é que no final esteja pronta para ser libertada definitivamente.
Lolita é a última sobrevivente das 45 orcas capturadas entre 1965 e 1973 para exibição em aquários. Sendo uma espécie em vias de extinção, estima-se que apenas 73 orcas “residentes do sul” continuem a viver livres nos oceanos. O nome da espécie vem exatamente das áreas que transformaram em “casa”: entre o extremo sul de Vancouver, no Canadá, e as águas do estado de Washington, nos EUA.