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"Yellowjackets": ainda vale a pena tentar voar com esta equipa?

Este artigo tem mais de 1 ano

Já recomeçou a série que vai do passado de um equipa de futebol feminino à atualidade de quem sobreviveu a um pesadelo. Mas após uma primeira temporada arrebatadora, há alimento para esta história.

Christina Ricci e Elijah Wood fazem parte do elenco da nova temporada da série
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Christina Ricci e Elijah Wood fazem parte do elenco da nova temporada da série

Christina Ricci e Elijah Wood fazem parte do elenco da nova temporada da série

É a queda de um avião que dá o mote à história, mas não houve estrondo, nem fumo, nem explosões quando “Yellowjackets” se estreou em 2021. Uma produção Showtime — em Portugal exibida pela HBO Max —, instalou-se discretamente no streaming, ofuscada por apostas bem mais imponentes e caras. Porém, como se se tratasse de um culto, começou a ganhar seguidores aos poucos. Uns chamaram outros, que trouxeram mais uns quantos, e por aí fora. De repente, a série virou fenómeno e a segunda temporada passou a ser das mais aguardadas deste início de 2023.

Mas, afinal, o que torna “Yellowjackets” diferente? O nonsense, o humor negro, e sobretudo dois grupos de atores muito fortes. O drama arranca com uma equipa de futebol feminino a embarcar num voo rumo a uma prova nacional. Quando o avião se despenha no meio de nenhures, sem resgate à vista, a história transforma-se numa espécie de mistura entre “Lost” e “O Deus das Moscas”. Gente que tem de aprender a caçar no meio da selva? Temos. Alianças, traições e lutas pelo poder? Também. Canibalismo? Claro. Rituais satânico-esquisitos? Mandem vir.

Quando entramos na segunda temporada — cujo primeiro episódio está disponível na HBO Max, havendo um novo a cada semana —, não sabemos logo, logo, tudo o que se passou por lá e esse é um dos grandes mistérios que nos mantém agarrados a “Yellowjackets”. É que, eventualmente, o grupo é resgatado e a narrativa divide-se então entre esse passado e o presente, mais de 20 anos depois, com mulheres adultas a fazerem de conta que nada de mais aconteceu. Cada uma está na sua vida (aborrecida ou bem sucedida) aparentemente normal, até começarmos a perceber que a realidade é bem diferente.

[o trailer da segunda temporada de “Yellowjackets”:]

A história recomeça com tudo virado do avesso. Taissa (Tawny Cypress) acaba de ser eleita senadora mas descobre também que, durante a noite, se transforma numa espécie de psicopata das macumbas, decepando a cabeça do cão da família para fazer altares sinistros. É o exemplo de que as sobreviventes que pareciam mais atinadas estão, afinal, ao nível da sociopata que não disfarçava: Misty (Christina Ricci) é um lobo solitário, com um nível de empatia muito próximo de zero, mas com uma necessidade gigantesca de não ser a excluída — posição que já ocupava quando era adolescente. Ela mata sem grandes remorsos (uma típica quarta-feira de manhã), mas sabe como fazer as coisas.

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Já Shauna (Melanie Lynskey), é muito pouco profissional na arte de assassinar e esconder. Depois de ter despachado o amante na primeira temporada, tem agora a polícia a farejar os rastos que deixou, já para não falarmos da filha adolescente que descobriu tudo e do marido com o cérebro do tamanho de uma ervilha que só mete os pés pelas mãos. Resta Natalie (Juliette Lewis), a eterna toxicodependente/alcoólica. Só estas quatro personagens — mas sobretudo o trabalho das atrizes — são tão descompensadas e fascinantes que nos agarram num misto de empatia pelo trauma por elas vivido e de incredulidade pelos atos desconcertantes que cometem parecendo não ter grande noção do seu impacto.

Melanie Lynskey é aquela atriz brilhante em tudo o que faz (“Candy”, “The Last of Us”), mas que nunca chega ao grande papel da sua vida. Aqui usa o ar de dona de casa acomodada para disfarçar a psicopatia da sua personagem, que se vai soltando sem pudor à medida que os episódios avançam. Christina Ricci ganha um aliado na segunda temporada: Elijah Wood interpreta Walter, um homem com poucas apetências sociais que vai incentivar Misty a usar todas as suas capacidades (muitas delas não são boas). Juliette Lewis perde força por passar grande parte dos quatro primeiros capítulos (disponibilizados aos críticos) enfiada num retiro/spa/seita gerido por outra sobrevivente, Lottie, cuja versão adulta só este ano descobrimos.

Quando a história recua, temos acesso a um elenco que se encaixa na perfeição nas versões mais velhas. Shauna (Sophie Nélisse) está em choque — ah, e grávida! —, Natalie (Sophie Thatcher) toma as rédeas da situação e passa os dias a tentar caçar para o grupo, Taissa (Jasmin Savoy Brown) já tem de lidar com os sonambulismos e Misty (Samantha Hanratty) é só esquisita. Há parecenças físicas, mas sobretudo gestos e expressões que criam uma linha coesa entre os dois momentos temporais. Se essa parte não funcionasse, podia ser o suficiente para deitar por terra o sucesso da série.

Há elementos sobrenaturais — que podemos achar demasiados — mas há também a questão do trauma. Se cada um de nós ficasse preso no meio de uma floresta, sem comida, ao frio, sem saber se alguma vez voltaria a casa, em que tipo de pessoa se transformaria? Sobreviver depois do resgate, tendo de lidar com sequelas físicas e psicológicas, não seria mais complexo do que sobreviver quando é exatamente o instinto que comanda e não há outra alternativa?

A primeira temporada de “Yellowjackets” tem reviravoltas, elementos de terror e outros de humor. É, acima de tudo, diferente. Porém, não é perfeita, e o início da nova temporada parece um carro que não consegue pegar. Ao final do quarto episódio não há grandes avanços na narrativa. No passado, as miúdas continuam lá no meio do mato. No presente, continuam a tentar limpar as trapalhadas que trouxeram de 2021. Falta explicar como é que foram salvas, falta dar mais contexto e tempo às personagens novas que estão agora a aparecer. É difícil prever se a série ainda vai levantar voo nos capítulos seguintes ou se se vai despenhar de forma espalhafatosa. Ainda assim, mesmo que céticos, não é possível não estar já com um pé neste culto. Se calhar evitamos só partilhar refeições com elas, se é que me entendem.

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