O parlamento aprovou esta quinta-feira por unanimidade um voto de pesar pela morte do compositor japonês Ryuichi Sakamoto, aos 71 anos, salientando que “levou a música eletrónica por caminhos que perdurarão para sempre na memória”.

Este voto de pesar foi apresentado por deputados do grupo parlamentar de amizade Portugal-Japão.

No texto, salienta-se que Sakamoto, que nasceu em Tóquio em 1952, começou a ter aulas de piano aos seis anos e frequentou a Tokyo University of the Arts, onde estudou música.

Ryuichi Sakamoto (1952-2023): o japonês tranquilo

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Aí teve contacto com os primeiros sintetizadores e, entusiasmado com esse mundo, desde Debussy aos alemães Kraftwerk, começou a trabalhar em vários projetos musicais”, lê-se.

A carreira do compositor japonês, salienta-se, começaria depois, no final dos anos 1970, através da banda Yellow Magic Orchestra (YMO), que “abriu novos caminhos na música eletrónica” antes de se separar, em 1984.

A par da carreira musical, o voto de pesar refere ainda que, como ator, Sakamoto participou no filme “Feliz Natal, Mr. Lawrence” com o músico britânico David Bowie, tendo também desenvolvido o tema principal desse filme, galardoado com um prémio BAFTA.

“Sakamoto notabilizou-se como artista a solo, nomeadamente na composição de bandas sonoras, acabando por se tornar no primeiro japonês a ganhar um Óscar com a banda sonora do filme ‘O Último Imperador’, de Bernardo Bertolucci, em 1987″, refere o documento.

Músicos, compositores e realizadores lamentam morte de compositor Ryuichi Sakamoto

Os deputados salientam ainda que, durante a carreira de quase 50 anos, Sakamoto “colaborou com nomes como David Bowie, Sylvain Alva Noto, Bill Laswell, Iggy Pop, Caetano Veloso e o português Rodrigo Leão nos temas ‘António’ e ‘Rosa’, canções que integram o álbum de 2004 de [Rodrigo] Leão, ‘Cinema'”.

“Para além da música e do cinema, Ryuichi Sakamoto foi também um ativista pelo ambiente, tendo apoiado o movimento antinuclear após a tragédia na central japonesa de Fukushima”, destaca.

Os deputados assinalam assim o desaparecimento de Sakamoto “como uma perda no panorama cultural internacional”.

“A Assembleia da República, reunida em plenário, expressa o seu pesar pela morte de Ryuichi Sakamoto, compositor japonês que levou a música eletrónica por caminhos que perdurarão para sempre na nossa memória e endereça aos seus familiares e amigos os mais sentidos sentimentos”, sublinha o voto de pesar.

Ryuchi Sakamoto morreu na sexta-feira passada, aos 71 anos, vítima de cancro.

Sakamoto, que tinha recuperado há uns anos de um cancro na garganta, confirmou, no início de 2021, que sofria de cancro colorrectal. A evolução da doença tinha limitado as aparições públicas, concertos e entrevistas do músico nipónico nos últimos anos.

Sakamoto foi um dos compositores japoneses mais internacionais da atualidade, com uma obra que abrangeu várias etapas, desde o sucesso da YMO até à composição de bandas sonoras.

O último concerto de Ryuichi Sakamoto realizou-se a 11 de dezembro, em formato online, para que os fãs em diferentes fusos horários o pudessem ouvir.