Os líderes do Hezbollah pró-iraniano do Líbano, Hassan Nasrallah, e do Hamas palestiniano, Ismail Haniyeh, reuniram-se no Líbano para discutir uma “cooperação” face a Israel, num momento de recrudescimento da violência no Médio Oriente, anunciou este domingo o Hezbollah.

Israel bombardeou o Líbano e a Faixa de Gaza na sexta-feira, alegando retaliações contra o disparo de foguetes não reclamados, que afirma serem “palestinianos” e muito provavelmente do Hamas, movimento que está no poder na Faixa de Gaza.

O exército israelita afirma que o Hamas, liderado por Ismail Haniyeh, que se encontra em Beirute desde quarta-feira, foi responsável pelo disparo de cerca de 30 foguetes do Líbano, na quinta-feira, e de vários outros a partir de Gaza.

Durante o seu encontro, os líderes dos dois movimentos (Hezbollah e Hamas) sublinharam que “o eixo de resistência está pronto” face aos recentes desenvolvimentos e que “os seus integrantes cooperam” na região, de acordo com uma declaração do Hezbollah.

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O “eixo de resistência” é o termo utilizado em referência a movimentos palestinianos, libaneses, sírios e outros próximos do Irão e opostos a Israel.

Os dois homens evocaram também “a intensificação da resistência na Cisjordânia e em Gaza” e “os acontecimentos na Mesquita de Al-Aqsa”, para justificar esta cooperação, segundo o mesmo comunicado.

Na madrugada de quarta-feira, a policia israelita irrompeu violentamente na Mesquita Al-Aqsa em Jerusalém, o terceiro local mais sagrado do Islão, batendo em prendendo palestinianos que se encontravam em oração, naquele que é o mês do Ramadão.

A invasão da mesquita para retirar os cerca de 400 palestinianos que se encontravam no interior foi justificada pelas autoridades de Israel com a acusação de que se tinham barricado no templo com “fogo-de-artifício, paus e pedras”.

Este acontecimento veio incendiar ainda mais os ânimos, com o movimento Hezbollah a surgir de imediato para condenar a violência da polícia israelita e manifestar apoio a “todas as medidas” tomadas por organizações palestinianas contra Israel.

“O Hezbollah denuncia violentamente o assalto das forças de ocupação israelitas à esplanada da Mesquita Al-Aqsa e os seus ataques aos fiéis”, disse o grupo xiita baseado no Líbano.

Após os foguetes disparados de Gaza e do Líbano, Israel anunciou no sábado à noite que tinha atingido a Síria, desta vez em resposta a foguetes disparados de território sírio.

Segundo o exército israelita, pelo menos um dos foguetes disparados da Síria foi intercetado pela defesa aérea israelita e dois caíram em zonas despovoadas da região dos montes Golã anexada por Israel, após a conquista em 1967.

Após os ataques israelitas à Faixa de Gaza e ao Líbano, dois atentados terroristas tiveram lugar, um em Telavive, que matou um turista italiano e deixou sete pessoas feridas, e outro na Cisjordânia, que vitimou duas irmãs do colonato israelita de Efrat, de cidadania israelita e britânica, e deixou gravemente ferida a mãe.

O primeiro-ministro israelita reconheceu que o país enfrenta dificuldades, incluindo protestos internos contra o projeto de lei de reforma judicial, um conflito com o Hamas em Gaza e no sul do Líbano, em pleno Ramadão, e na fronteira síria.

Benjamin Netanyahu fez estes comentários este domingo, citados pelo Jerusalem Post, numa conversa telefónica com os líderes das comunidades israelitas que fazem fronteira com Gaza, aos quais garantiu que o país ainda não deu a sua última palavra.