Quando foi garantido por João Zilhão para o Estoril Open nos EUA, Casper Ruud estava apenas a um triunfo de chegar a número 1 do ranking mundial mesmo sendo de um país que não tem propriamente uma especial expressão no mundo do ténis (o melhor antes de chegar tinha sido mesmo o pai). Perdeu o primeiro set da final do US Open frente a Carlos Alcaraz, ganhou depois o segundo, levou o terceiro a tie break. Aí, fazendo apenas um ponto, começou a deixar fugir esse sonho que o espanhol fecharia no parcial seguinte. No início do ano, o norueguês já estava em quarto, quando chegou a Portugal ocupava a quinta posição atrás de Novak Djokovic, Alcaraz, Stefanos Tsitsipas e Daniil Medvedev. Pior do que isso, não estava a encontrar o seu ténis no início do ano, com derrotas precoces em Auckland, no Open da Austrália, em Acapulco, em Indian Wells e em Miami. Agora, começava a época do seu terreno preferido, a terra batida. E com uma estreia.

“Era sempre difícil vir jogar porque tinha um bom historial em Munique na mesma semana. As condições aqui são semelhantes ao que vemos em Roma, Madrid e no sul da Europa e sempre quis jogar cá. Estou muito motivado, é a minha parte favorita da temporada, estou perto de casa e jogo em terra batida pela primeira vez desde julho. Devo estar enferrujado mas ainda tenho alguns dias de preparação. Espero fazer um bom torneio no arranque da terra batida. Não tive o começo de ano ideal e por isso tenho de subir o nível para tentar manter o meu ranking. Espero que este torneio me ajude a concretizar esse objetivo”, dizia na antecâmara do arranque um dos jogadores mais simpáticos do circuito mundial, que rapidamente consegue criar inúmeros fãs por onde passa e que surgia como a principal figura da edição do torneio em 2023.

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Foi demasiado Ruud perder a jogar assim: João Sousa cai nos oitavos do Estoril Open frente ao número 5 do mundo

A estreia foi complicada e comprovou a tal “ferrugem” que temia frente a um João Sousa que mostrou o seu melhor ténis no primeiro set antes de imperar a lei do mais forte nos dois restantes. A seguir, o melhor jogo até à decisão, com uma vitória por 6-3 e 6-0 frente ao campeão em título, Sebastián Báez. Este sábado, novo triunfo mas arrancado “a ferros” no tie break do decisivo set diante de uma das principais revelações de 2023, o francês Quentin Halys (que começara por eliminar o favorito Nuno Borges). O cabeça de série estava na final, onde teria pela frente o grande nome deste Estoril Open, o sérvio (e amigo) Miomir Kecmanovic, que este sábado não só carimbou a final em singulares ganhando o italiano Marco Cecchinato mas também em pares ao lado do compatriota Nicola Cacic batendo Fabien Reboul e Gonzalo Escobar.

Casper Ruud ‘sofre’ mas avança para a final

“Chegar à final sabe muito bem. É a minha primeira vez no Estoril, tenho gostado muito de estar cá e será ainda melhor se vencer o título. Se estou de volta? Não sei… Só vou tentar ficar concentrado, seguir no caminho certo e ver o que acontece. Será um grande encontro para mim, gostava de tentar ganhar. Um dos meus objetivos é ganhar um torneio para chegar a 10 títulos e chegar aos dois dígitos. É um torneio mais pequeno comparando com o que vamos ter nos próximos meses e o objetivo é estar bem nos grandes palcos mas é bom ter confiança a ganhar encontros. Kecmanovic? Está a jogar muito bem, está a matar toda a gente! Somos muito bons amigos, conheço-o desde os 14 ou 15 anos, temos boa química. É sempre divertido jogar e treinar com ele”, comentara Casper Ruud antes da final deste domingo.

Sérvio Miomir Kecmanovic é o primeiro finalista do Estoril Open

Apesar da grande semana no Estoril, Kecmanovic tentava conquistar apenas aquele que poderia ser o seu segundo torneio ATP da carreira, após a vitória em 2020 em Kitzbühel (terra batida) que ficou no meio das derrotas em Antalya (relva, 2019) e Delray Beach (piso rápido, 2023), mas teria pela frente um Casper Ruud em crescendo e a começar da melhor forma a época de terra batida. Imperou mesmo a lei do mais forte. E o norueguês, tantas vezes apelidado de príncipe de terra batida numa perspetiva de sucessor de Rafael Nadal, chegou mesmo ao seu décimo triunfo ATP da carreira após chegar, ver e vencer no Estoril Open.

O encontro dificilmente poderia começar melhor para Ruud, que depois de ter feito apenas um ponto do serviço inicial de Kecmanovic chegou cedo ao break que fez o 2-1, mostrando que estava na final para resolver cedo a questão frente a um sérvio que tinha apenas perdido por uma vez o seu jogo de serviço neste Estoril Open e logo na ronda inicial. O norueguês não ficaria por aí: voltaria a fazer o break para o 4-1 e fechou o set com um smash para 6-2 depois de ter ganho em branco os dois últimos jogos de serviço.

O segundo set teria uma história diferente, com Casper Ruud a enfrentar logo de início a possibilidade de perder o seu serviço que acabou por não confirmar-se com um segundo serviço em amortie que faria toda a diferença. Kecmanovic estava mais confiante no court, o norueguês tentava manter a solidez do seu jogo e ficou perto também do break quando chegou ao 15-40 no quinto encontro com uma grande esquerda que não conseguiu depois confirmar. Ruud ameaçou o break sem sucesso, o sérvio ameaçou o break sem sucesso e a partida avançava com ambos os jogadores a segurarem os seus jogos de serviço até ao tie break que iria definir o segundo set e o encontro, com o norueguês a ficar com o título após um triunfo por 7-3.