O Hospital Central de Maputo anunciou esta segunda-feira que está investigar a morte do bebé recém-nascido do cidadão angolano Gelson Emanuel Quintas “Man-Genas”, que está sob custódia das autoridades, com a família em Maputo.

“Está a ocorrer mesmo um trabalho que envolve o departamento de ginecologia e obstetrícia, o departamento de pediatria e a direção do Hospital Central de Maputo. Está a ser feito o estudo porque é um caso que exige o envolvimento desses setores todos, mas também do próprio Ministério [da Saúde]”, disse Justino Madeira, porta-voz dos Serviços de Urgência do Banco de Socorros do Hospital Central de Maputo, citado esta segunda-feira pelo jornal O País.

A filha recém-nascida do denunciante angolano “Man-Genas” morreu a 7 de abril, dois dias após a sua mãe, que também está sob custódia das autoridades, dar à luz no Hospital Central de Maputo, a principal unidade de saúde do país.

Segundo Justino Madeira, a bolsa estourou cinco dias antes da esposa de “Man-Genas” ser levada ao hospital pelas autoridades para o parto, gerando um risco para a criança e para a própria mãe.

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“Neste caso em particular, foi porque a bolsa de água rompeu cinco dias antes de vir a ter o parto e, muitas vezes, quando há uma rotura prematura de membranas, há um risco que ocorre de ter complicações maternas assim como fetais […]. Ela já vinha com dores. Infelizmente, acabou por ter essa rutura prematura da bolsa. Isso já é um risco porque há possibilidade de infeção para a própria mãe e também para o feto”, explicou o porta-voz do HCM.

A Rede Moçambicana de Defensores dos Direitos Humanos pediu esta segunda-feira um inquérito à morte do bebé, acusando as autoridades de “negligência” por não terem permitido que a mulher tivesse acompanhamento pré-natal.

“Podemos sim afirmar que houve negligência da parte do nosso Estado em primeiro lugar. Nas nossas conversas com o hospital, os médicos disseram que a condição em que ela chegou ao hospital não dava muitas chances de vida à bebé”, disse à Lusa Adriano Nuvunga, presidente da Rede Moçambicana de Defensores dos Direitos Humanos.

No mês passado, um grupo de deputados da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), principal partido da oposição, disse em conferência de imprensa que “Man-Genas” “teme por envenenamento alimentar”.