Donald Trump presta, esta quinta-feira, o seu segundo depoimento à procuradora-geral de Nova Iorque sobre as práticas comerciais da sua empresa, com a advogada do ex-presidente dos EUA a adiantar que este, desta vez, responderá a perguntas.

“O Presidente Trump não está apenas disponível, mas também ansioso para testemunhar perante a procuradora-geral hoje”, sublinhou a sua advogada, Alina Habba, em comunicado. “Ele continua convicto sobre a sua posição de que não tem nada a esconder e espera elucidar o procurador-geral sobre o imenso sucesso da sua empresa multimilionária”, acrescentou.

O republicano reúne-se, numa sessão privada, com as autoridades judiciais na investigação liderada pela procuradora-geral Letitia James, que processou Trump no ano passado.

Neste processo, alega que Trump e a sua família enganaram bancos e parceiros de negócios, dando-lhes informações falsas sobre seu património líquido e o valor de ativos como hotéis e campos de golfe.

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A procuradoria do Estado de Nova Iorque suspeita que a Trump Organization inflacionou “fraudulentamente” o valor dos seus imóveis ao solicitar empréstimos bancários e subestimou o valor dos mesmos perante as autoridades, para pagar menos impostos.

Em setembro, a justiça avançou com uma ação contra a empresa, pedindo uma indemnização de 250 milhões de dólares (cerca de 230 milhões de euros) para o Estado.

Este processo não está relacionado com as acusações criminais apresentadas contra Trump pelo procurador distrital de Manhattan, que resultou na semana passada na histórica acusação, a primeira contra um ex-presidente.

Numa publicação nas redes sociais esta quinta-feira, Trump considerou o processo “ridículo, assim como todos os outros casos de interferência eleitoral”.

À saída do seu apartamento na Trump Tower juntamente com a sua equipa, o magnata republicano ergueu o punho, chegando ao gabinete da procuradora-geral por volta das 09h40 (14h40 em Lisboa). Letitia James recusou-se na quarta-feira a responder a perguntas sobre este tema, durante um outro evento.

No outro encontro com o gabinete da procuradora-geral, em 10 de agosto, Trump recusou-se a responder a todas as questões processuais, invocando a 5ª emenda para permanecer em silêncio.

A prerrogativa é-lhe dada pela Constituição dos Estados Unidos (EUA), que permite aos cidadãos acionar o direito contra a autoincriminação.

Foi através de um comunicado que Trump explicou na altura as razões para ter optado por não responder às autoridades. “Não tenho absolutamente nenhuma escolha, porque o atual Governo e muitos procuradores deste país perderam todos os limites morais e éticos da decência”, disse.

Desde então, as acusações criminais apresentadas pelo procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, concentraram-se em como a empresa registou internamente os pagamentos a um advogado, Michael Cohen, pelo seu trabalho de subornar as pessoas para que não tornassem públicas histórias sobre encontros sexuais extraconjugais que Trump disse terem sido inventados.

Bragg detalhou em comunicado que os pagamentos a troco de silêncio foram feitos a um porteiro da Trump Tower que alegou ter informações sobre um caso de paternidade extraconjugal de Trump (recebeu 30.000 dólares), a uma mulher que se apresentou como ex-amante (150.000 dólares) e à atriz pornográfica Stormy Daniels.

O republicano, já candidato assumido a nova corrida à Casa Branca em 2024, tornou-se o primeiro ex-presidente a ser acusado de um crime nos EUA, tendo denunciado uma “perseguição política” pela justiça.