África é o epicentro de novos casos de cancro e, só nos países lusófonos, irão duplicar até 2040, o que em parte se deve ao diagnóstico tardio e dificuldades no acesso aos tratamentos, disse o oncologista Lúcio Santos.

O médico falava sobre a situação da doença oncológica nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) no 6.º Congresso Nacional de Medicina Tropical, que decorre esta quinta-feira e sexta-feira, no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, em Lisboa.

Segundo o oncologista, os novos casos de cancro nos PALOP deverão, se nada for feito para o impedir, crescer de cerca de 47.900 novos casos em 2020 para 96.700 em 2040.

“O epicentro de novos casos de cancro é África”, frisou, referindo que a situação não é igual em todos os países – com mais casos em Cabo Verde do que em Moçambique, por exemplo.

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Mas a realidade poderá ser diferente, pois faltam dados credíveis que apresentem uma real dimensão da doença nestes países, disse.

Lúcio Santos apontou algumas razões para este crescimento do cancro nos PALOP, nomeadamente o diagnóstico tardio da doença e as dificuldades no acesso a medicamentos e tratamentos.

A este propósito, indicou que nestes países lusófonos existem apenas cinco máquinas de radioterapia: Quatro em Angola e uma em Moçambique.

Nesta conferência, Albano Ferreira, da Universidade de Katyavala Bwila (Angola), falou sobre as doenças cardiovasculares nos PALOP, onde são a principal causa de morte em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

O fator de risco que mais afeta o número de óbitos é a tensão arterial elevada, seguida da diabetes.