(Em atualização)

Pelo menos 85 pessoas morreram e 322 ficaram feridas (50 delas de forma grave) numa debandada durante um evento de caridade numa escola na capital do Iémen, Sana, ao final da tarde desta quarta-feira, confirmou à AFP fonte das forças de segurança houthi. “Há mulheres e crianças entre as vítimas”, adiantou, acrescentando que cerca de 50 pessoas estão em estado grave.

De acordo com a Associated Press, a multidão, reunida para receber ajuda da parte de alguns comerciantes, ter-se-á assustado após rebeldes houthi, que controlam a cidade desde 2015, terem disparado para o ar para tentar controlar a massa popular. Os disparos terão atingido um fio elétrico e causado uma explosão, relataram duas testemunhas ouvidas pela agência de notícias.

Abdel-Khaleq al-Aghri, porta-voz do Ministério do Interior houthi, justificou o incidente com o facto de o evento de caridade não ter sido coordenado com as autoridades locais, citou a Associated Press. Al-Aghri adiantou que a escola foi logo isolada e que dois dos organizadores foram detidos. O caso está a ser investigado, garantiu.

Mohamed Ali al-Houthi, presidente do Comité Revolucionário Supremo do Iémen, afirmou que estavam demasiadas pessoas no mesmo espaço, uma rua apertada que vai dar à escola onde um vale de cerca de dez euros estava a ser distribuído. Os rebeldes disseram que vão pagar dois mil dólares (1,8 mil euros) de compensação a cada família que perdeu um familiar e que os feridos vão receber 400 dólares (365 euros).

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A tragédia ocorreu antes do feriado muçulmano do Eid al-Fitr, que marca, no final desta semana, o fim do Ramadão, o mês sagrado do jejum e da oração na tradição muçulmana. As iniciavas de caridade são comuns durante este período.

Desde 2014 que o Iémen é palco de um conflito que opõe os rebeldes houthi, apoiados pelo Irão, e as forças pró-governamentais, que têm o apoio da Arábia Saudita. Este escalou em 2015, quando os rebeldes passaram a controlar uma parte substancial da zona ocidental do território, incluindo a capital.

A guerra no Iémen provocou a maior catástrofe humanitária da atualidade. Segundo as Nações Unidas, dois terços da população precisa de ajuda. O conflito provocou até ao momento cerca de 380 mortos, vítimas dos combates e da fome e doenças, e quatro milhões de deslocados.

Al-Houthi acusou os “agressores” de serem responsáveis pelo que aconteceu em Sana esta quarta-feira à tarde e pela “realidade amarga em que os iemenitas vivem devido à agressão e ao bloqueio”, citou a BBC.