O teatro Bolshoi, em Moscovo, cancelou um bailado sobre a vida do famoso Rudolf Nureyev por este violar as atuais leis contra a “propaganda LGBT” que vigoram na Rússia.

A notícia foi dada pelo diretor do Bolshoi, Vladimir Urin, esta quarta-feira. “É natural que, assim que este projeto de lei foi assinado, o teatro tenha tido de tomar a decisão de cancelar este espetáculo”, afirmou à agência de notícias TASS, citada pelo site Meduza.

A lei em questão foi promulgada pelo Presidente Vladimir Putin no passado mês de dezembro. Em concreto, proíbe a exibição de publicidade, conteúdo nos media, livros, filmes e espetáculos que tenham “propaganda” relacionada com “relações sexuais não-tradicionais”.

Na prática, isto significa que o espetáculo não poderia incluir referências à homossexualidade de Nureyev, que manteve relações com outros homens depois de ter abandonado a União Soviética, em 1961, em concreto com o bailarino norte-americano Robert Tracy, com quem esteve 14 anos. Nureyev acabou por morrer de complicações relacionadas com SIDA em 1993.

Não é a primeira vez que o Bolshoi tenta exibir este espetáculo de bailado contemporâneo e enfrenta problemas. Aquando da estreia, em 2017, o bailado foi suspenso por ordem direta do ministro da Cultura, Vladimir Medinsky. Segundo a agência TASS, o próprio ministro terá dito que o bailado tinha “propaganda gay”. 

O encenador, Kirill Serebrennikov, pronunciou-se na rede social Telegram sobre esta nova suspensão. “Esta ‘lei’ criminosa foi aprovada especificamente contra este espetáculo e vários livros”, acusou, acrescentando à mensagem três emojis de arco-íris, com as cores associadas ao movimento LGBTQ+.

Serebrennikov, que se posicionou claramente contra a guerra na Ucrânia, está atualmente fora da Rússia.

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