Imagem 1: Zinchenko, não sendo um capitão com braçadeira, a juntar todos os companheiros no seu meio-campo após sofrer mais um golo sem saber do tempo a mais que se poderia perder no reatamento da partida. Imagem 2: Ward-Prowse, também após consentir um golo, a chamar todos os jogadores da sua equipa para uma conversa de dedo em riste para motivar os companheiros. Imagem 3, talvez a mais forte de todas apenas na primeira parte: Bednarek, após uma arrepiante queda por saltar por cima de Gabriel Martinelli, teve uma assistência médica quase imediata (até o responsável médico do adversário entrou em campo para ajudar) quando estava estendido no relvado, levantou-se e andou mais de dois minutos a pedir a tudo e todos para não ser substituído porque estava bem para continuar quando Caleta-Car se preparava para entrar. Se a Premier League é a melhor liga do mundo, o Arsenal-Southampton mostrou bem mais do que isso.

Não aprenderam nada e este ano pode ser uma lição (a crónica do West Ham-Arsenal)

De um lado o Arsenal. Um Arsenal que, mesmo sendo ainda líder, começava a entrar numa espiral negativa após dois empates fora consecutivos com Liverpool e West Ham tendo dois golos de vantagem que recolocou o Manchester City a depender apenas de si para ser campeão havendo jogo grande entre ambos na próxima quarta-feira no Etihad Stadium. Do outro lado o Southampton. Um Southampton que vinha de três desaires seguidos, de seis encontros consecutivos sem vitórias, de uma série de apenas um triunfo em nove partidas desde meio de fevereiro que colocaram o histórico clube com vida muito complicada para garantir um lugar de manutenção no principal escalão. Para um e outro, era ganhar ou ganhar. E desde o primeiro minuto, literalmente do primeiro minutos, que se viu isso num Emirates Stadium também ele eletrizante.

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Num erro enorme de Ramsdale, que ainda assim evitou males maiores nos últimos encontros dos gunners, uma reposição falhada acabou por dar a oportunidade ao jovem argentino Carlos Alcaraz de inaugurar o marcador logo aos 30 segundos. Balde de água fria no Emirates, que passaria a água gelada numa “traição” de um antigo herói que só não foi mais vilão porque não festejou o que fez: Theo Walcott recebeu nas costas de Gabriel Magalhães (a ausência de Saliba sente-se cada vez mais nesta fase), rematou cruzado e marcou o 2-0 ainda no quarto de hora inicial. Zinchenko chamava todos os companheiros mas o caso estava mal parado e a cara dos adeptos nas bancadas passavam da esperança ao desespero logo no arranque do jogo.

A história não ficaria por aí: com Saka e Martinelli a serem os principais elementos desequilibradores de uma equipa que contou esta noite com Fábio Vieira de início pela baixa de última hora de Xhaka, o Arsenal não demorou a reduzir em mais uma grande jogada do inglês para remate de primeira do brasileiro na área (20′). E ainda haveria um pouco de tudo, da grande defesa de Ramsdale a um remate de Alcaraz a um desvio de cabeça de Ben White na sequência de um canto que Alcaraz desviou em cima da linha, passando por várias tentativas de Gabriel Jesus, Fábio Vieira e Martinelli que não desfizeram o 2-1 que se registava ao intervalo numa das primeiras partes mais intensas e disputadas dos últimos tempos na Premier League.

Sem grandes rodeios, Rubén Sellés apostou em Lyanco no recomeço da partida assumindo uma linha de três centrais para tentar aguentar a mais que provável enxurrada de futebol ofensivo do Arsenal para alcançar mais uma reviravolta como aconteceu mais do que uma vez no Emirates esta temporada. No entanto, apesar de jogar no meio-campo contrário e com muitas bolas na área, o golo do empatou não chegou e foi mesmo o Southampton a chegar ao 3-1 por Caleta-Car no primeiro remate feito na segunda parte após canto com desvio ao primeiro poste (66′), com os visitados a tentarem de tudo até final tendo resultados práticos só num remate de fora da área de Ödegaard (88′) que reabriu a partida de forma eletrizante com Saka a fazer o empate numa recarga (90′), Trossard a acertar na trave (90+2′) e Nelson a atirar a rasar o poste (90+4′).

Com este resultado, os saints perderam esse novo fôlego na luta pela despromoção (20.º a três pontos da salvação com mais um jogo), ao passo que o Arsenal mantém a liderança da Premier com 75 pontos, agora mais cinco do que o Manchester City que tem dois jogos a menos e vai agora receber os gunners.