Foi um fenómeno transversal aos líderes de muitas das principais ligas europeias depois da paragem para os compromissos das seleções: quando o título parecia estar confirmado e ser uma mera questão de tempo, eis que alguns deslizes foram colocando mais ou menos em causa essa condição. Na Alemanha, com o Bayern,  levou mesmo à troca de posição com o B. Dortmund esta jornada. Em França, com o PSG, foi um mero susto até reentrar nos eixos não contando também com uma verdadeira oposição interna. Em Inglaterra, com o Arsenal, ficou tudo em aberto. Agora era o Barcelona que tinha a sua palavra em Espanha, sabendo que o Real tinha ficado à condição a oito pontos à espera de perceber quando acabava o atual mau momento dos blaugrana. E essa a grande curiosidade do jogo grande da jornada da La Liga com o Atl. Madrid.

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Depois de uma série de 18 jogos com 16 vitórias e apenas uma derrota, os catalães conseguiram um avanço que parecia decisivo para a conquista do Campeonato depois dos recentes tempos conturbados. Aliás, um desses triunfos, em Camp Nou com o Real nos descontos, parecia ser o xeque-mate na decisão do título, até porque logo a seguir os merengues tiveram um inesperado desaire no Santiago Bernabéu com o Villarreal. A seguir, o ocaso: três encontros consecutivos sem ganhar nem marcar golos, uma goleada sofrida em casa para a Taça frente ao rival de Madrid, dois nulos na Liga com Girona e Getafe e 290 minutos sem golos.

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“Sou criticado por tudo mas não vou parar. O sol incomoda-nos e o campo seco não nos beneficia. Faço agora uma pergunta a Quique Flores: porque é que o relvado não foi regado e estava mais alto do que é normal? Não vou parar até que haja uma mudança. No golfe, se a relva não for boa, não jogas. No basquetebol, se Lebron James cair, passam a esfregona. Não tenho que me calar e tenho que insistir nisso. Aqui podemos jogar com o campo em más condições. Quem é que sai beneficiado com isso? O bom estado do relvado é fundamental para o espetáculo. Dizem que os jovens não assistem mais futebol. Pois, é normal. Eu não me importo com 200.000 memes, não vou parar”, criticara Xavi Hernández ainda a propósito do último nulo com o Getafe que lhe valeu várias críticas pela forma como tentou justificar o rendimento da equipa.

“Vai ser mais um jogo complicado. O Atl. Madrid tem jogado bom futebol, Simeone está a fazer um trabalho extraordinário. Estão num bom momento de forma e têm bons jogadores como Griezmann, Koke, De Paul… É uma das equipas que mais tem personalidade começando pelo treinador. Vejo-os com uma alma tremenda o que os torna perigosos. Não ganhamos há dois jogos mas tudo depende da forma com que vemos as coisas. É o momento para dizermos que estamos aqui, um momento de dizer ‘Vamos ganhar a Liga’. Ganhar seria um murro na mesa. Não podemos adormecer porque Real e Atl. Madrid estão em forma”, reforçou.

Um discurso de força que seria testado em casa contra a equipa em que melhor momento em Espanha, o Atl. Madrid, que não perdera qualquer dos últimos 11 encontros e levava seis triunfos consecutivos que não só permitiu fugir de vez na luta pelos lugares da Liga dos Campeões como deixou em aberto pelo menos a luta pelo segundo lugar da Liga. Mais uma vez, a resposta dos colchoneros voltou a ser positiva, com a equipa a mostrar que, caso mantenha este ponto de estabilidade, pode voltar a ser candidato ao título na próxima época. No entanto, e na hora da verdade nesta Liga, um erro antes do intervalo acabou por ser fatal. Com isso, sem o rei Lewandowski ou as diagonais de Raphinha a conseguirem desequilibrar em termos práticos, um golo da Torre(s) funcionou como novo xeque à Liga com 11 pontos de avanço sobre o Real.

A partida começou logo com a primeira oportunidade aos 46 segundos, com Griezmann a rematar em arco à entrada da área à trave da baliza de Ter Stegen. O Barcelona teria sempre mais bola mas as chances de maior perigo, não sendo muitas, pertenceram ao conjunto de Madrid, que voltou a ver o guarda-redes alemão a tirar o golo ao avançado francês. No entanto, e em cima do intervalo, uma bola longa na profundidade para a corrida de Raphinha e a assistência para Ferran Torres permitiu não só inaugurar o marcador como quebrar uma série de 334 minutos consecutivos sem golos. Sem justificar pelo que criara (ou neste caso não criara) na área contrária, os catalães passavam para a frente antes de um segundo tempo em que Gavi, Raphinha e Lewandowski tiveram oportunidades para fechar a partida mas tiveram de contentar-se com a margem mínima perante uma formação colchonera com algumas aproximações com perigo mas sem resultados.