A certa altura da fase regular da EuroLeague de basquetebol (o equivalente à Liga dos Campeões com todas as melhores equipas europeias apesar de haver uma outra competição chamada Liga dos Campeões mas que na verdade funciona como uma Liga Europa), e apesar da regularidade que Olympiacos e Barcelona estavam a apresentar, deu quase a ideia de que o Real Madrid tinha desistido de lutar pelas primeiras vagas do playoff final de apuramento de campeão. Acabou no terceiro lugar, cruzou com o sexto classificado Partizan. Afinal, não foi assim tão bom. E se Olympiacos e Barcelona deverão bater Fenerbahçe e Zalgiris para chegarem à Final Four da prova, os merengues estão em sério risco de cair nos quartos. E não é o pior da história.

É certo que o equilíbrio entre Mónaco e Maccabi Telavive deixava antever a série mais equilibrada da ronda inicial do playoff mas, depois da vitória por 89-87 do conjunto de Belgrado em Madrid no jogo 1 com um fantástico triplo de Kevin Punter em cima da buzina, era em Espanha que se centravam todas as atenções. Iria o Partizan voltar a surpreender e deixar o conjunto da capital à beira da eliminação? Iria o Real reagir ao duro desaire até pelo contexto em que surgiu para levar tudo em aberto para a Sérvia? As perguntas faziam sentido, só a primeira teve uma resposta correta. No entanto, e apesar do domínio, o jogo não acabou.

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Depois de um primeiro período em que tudo saiu bem ao Partizan, que ganhava por 31-21 no final dos dez minutos iniciais de jogo, o intervalo chegou com os sérvios em vantagem por claros 51-37. Ou a equipa de Chus Mateo dava uma verdadeira resposta ou a formação do experiente Zeljko Obradovic (que passou pelo Real entre 1994 e 1997, antes de 13 anos no Panathinaikos e sete no Fenerbahçe, entre outros) estava a levar de novo a partida para a sua zona de conforto. Ainda houve reação, com a diferença no terceiro período a descer até aos cinco pontos, mas os sérvios voltaram a chegar à vantagem de dois dígitos.

A 1.40 minutos do final, com tudo decidido perante o avanço de 15 pontos no resultado (95-80), Sergio Lull, internacional espanhol com grande experiência e que normalmente não é de se meter em confusões, fez uma falta anti-desportiva sobre Punter sem qualquer necessidade e deu início a uma verdadeira batalha campal que está a ser apelidada pela imprensa de “maior vergonha internacional no basquetebol”. Houve murros, houve pontapés, houve agarrões, houve até um jogador da formação espanhola, Guerschon Yabusele, que só saiu de campo retirado pela própria mulher, que entrou em campo e o levou para o balneário.

Com os ânimos na mesma tensos mas com as duas equipas já separadas de todas as confusões (que não só meteram quem estava na quadra mas também vários suplentes), o trio de árbitros nomeados, onde se incluía o português Fernando Rocha, estiveram a analisar todas as imagens de vídeo, identificando depois para desqualificação da partida Mario Hezonja, Yabulese, Lull, Punter, Mathias Lessort e Dante Exum (três de cada lado, quase numa medida salomónica). No entanto, esse castigo acabou por não ter “efeitos” práticos, com a decisão de dar por terminada a partida apesar de haver ainda 1.40 minutos por jogar.

Ainda não há ainda qualquer decisão final em relação à homologação ou não deste resultado de 95-80 mas é certo que o jogo 3 (e 4, se for necessário) será um autêntico inferno para o Real Madrid, que terá de jogar a continuidade na EuroLeague na cidade de Belgrado com os ambientes habitualmente fervorosos dos sérvios. Também haverá ainda a decisão em relação a possíveis castigos por tudo o que se passou, sendo que Exum, um dos envolvidos na batalha, saiu em claras dificuldades e a coxear do Wizink Center.