No primeiro dia de condicionamentos de trânsito na zona ribeirinha e Baixa de Lisboa, que começaram na quarta-feira devido a várias obras em curso na cidade, “os condutores responderam muito bem”, conhecendo as vias alternativas, disse esta quinta-feira a câmara.

“Estamos, em primeiro lugar, a ter uma atitude de apelo e de encorajamento à melhor solução possível de mobilidade e isso já está a dar resultados, porque na verdade vemos que há sinais de que o trânsito está a melhorar aqui nesta zona“, declarou o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), que tem o pelouro da Mobilidade.

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Afirmando que o plano de mobilidade é “dinâmico”, dependendo do andamento das várias obras em curso, nomeadamente a expansão do Metropolitano de Lisboa, o Plano Geral de Drenagem e a reabilitação de pavimentos e coletores, Anacoreta Correia disse que o primeiro dia de condicionamentos de trânsito na zona ribeirinha e Baixa permitiu identificar alguns aspetos suscetíveis de serem melhorados, mas “a avaliação global é manifestamente positiva“.

“Em primeiro lugar, os condutores responderam muito bem, ou seja, mostraram que tinham conhecimento e procuraram vias alternativas de trânsito para chegar aos seus locais de destino”, referiu o responsável pela Mobilidade, em declarações à agência Lusa, apelando ao respeito pelo plano de mobilidade em benefício de todos os que circulam na cidade.

Desde quarta-feira, 26 de abril, e por tempo indeterminado, a circulação rodoviária está interrompida ao trânsito geral na zona ribeirinha e na Avenida 24 de Julho, em ambos os sentidos, entre a Avenida Infante Santo e a Avenida Mouzinho de Albuquerque, e a alternativa passa pela 5ª Circular, com o percurso desde a Avenida Infante Santo, passando pela Praça da Estrela, Largo do Rato, Rua Alexandre Herculano, Rua do Conde de Redondo, Avenida Almirante Reis, Praça do Chile, Rua Morais Soares, Praça Paiva Couceiro e até à Avenida Mouzinho de Albuquerque.

Durante estas restrições, a circulação na Baixa de Lisboa é permitida ao trânsito local, conceito que incluem todos os que tenham esta zona como destino final, seja porque lá moram ou trabalham, seja porque querem fazer compras ou visitar familiares e amigos, explicou o vice-presidente, referindo que a ideia é retirar todo o tráfego de atravessamento.

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“O trânsito de atravessamento, de acordo com os estudos de tráfego, é bastante relevante e penaliza esta zona. Todo o tráfego de atravessamento deve ser retirado desta zona. Se fizermos isso, já teremos uma grande vitória e estaremos a melhorar em muito a mobilidade e o trânsito na cidade de Lisboa”, frisou.

Na zona da Baixa, além de a circulação ser apenas para trânsito local, o acesso de veículos com peso superior a 3,5 toneladas está interditado entre as 8h00 e as 20h00, à exceção dos transportes públicos e dos serviços municipalizados de higiene urbana, e as cargas e descargas devem realizar-se à noite.

“Estamos a tentar retirar peso à Baixa, também por uma questão de proteção de património da Baixa, que dá sinais de precisar, realmente, de um cuidado que queremos atribuir. Esta medida já estava prevista em 2015, mas não era implementada até hoje”, referiu Anacoreta Correia.

Relativamente à fiscalização, a câmara recusa a “persuasão pela via negativa, através da aplicação de multas”, no entanto, “quem estiver a infringir as regras de trânsito poderá incorrer numa multa”, sendo que a atitude do município é de apelo e de encorajamento à “melhor solução possível de mobilidade”, que já está a dar resultados, porque “há sinais de que o trânsito está a melhorar aqui nesta zona”.

O responsável pela Mobilidade indicou que também as aplicações digitais de trânsito, como o Waze, passaram já a incorporar a informação de que o trânsito está condicionado a acesso local e deixaram de orientar os condutores para estas zonas quando não as têm como o fim da sua viagem e, com isso, tem sido possível retirar vários carros: “Se assim for, estaremos a ser bem-sucedidos”.

Toda a informação atualizada sobre os condicionamentos de trânsito está disponível no ‘site’ da Câmara Municipal de Lisboa, através de https://www.lisboa.pt/mobilidade-zona-ribeirinha.

Sobre o impacto dos condicionamentos de trânsito no comércio, a expectativa da câmara é que o plano de mobilidade “não represente um agravamento das condições do comércio nestas zonas, porque o trânsito não está impedido” e a retirada de carros em atravessamento e as restrições nas cargas e descargas podem fazer com que seja “mais agradável ir à Baixa”.

“O nosso ‘ex-líbris’ na Baixa é a Rua Augusta, que é uma rua pedonal, portanto não é pelo facto de ser pedonal que está impedida de ter atividade comercial […]. Fazemos um apelo às pessoas: Venham à Baixa, venham de transportes públicos, se possível, preferencialmente, mas, se não, não estão impedidas de vir”, reforçou.

Questionado sobre a possibilidade de este plano de mobilidade ser um primeiro passo para a Zona de Emissões Reduzidas (ZER) Avenida/Baixa/Chiado, Anacoreta Correia realçou que as atuais medidas estão a ser implementadas “porque tem que ser”, mas permitem “testar soluções”, existindo “total abertura” por parte do executivo municipal, presidido por Carlos Moedas (PSD), que governa sem maioria absoluta.

“As soluções que resultarem, que forem boas, se resultarem numa melhoria para a vida das pessoas, então porque não ponderá-las para o futuro? Aquelas que resultarem mal, que tiverem um resultado contrário àquele que tinha sido desejado, então, naturalmente, que temos de estar disponíveis para voltar atrás e para repensá-las. Estamos com total abertura e procurar as melhores soluções para a cidade de Lisboa”, sublinhou.

Em relação à duração das restrições de trânsito, o autarca reiterou que existem condicionamentos muito diferentes entre si, portanto, “cada um tem o seu calendário”, mas a previsão é que seja “um período superior a um ano”.