O PS acusou esta quinta-feira o PSD de seguir a mesma posição da extrema-direita face à visita do Presidente brasileiro, reagindo a declarações de Montenegro de que os socialistas querem “ancorar-se na extrema-direita” como já fizeram “com a extrema-esquerda”.

O líder do PSD, “Luís Montenegro, seguiu claramente a extrema-direita no contexto desta visita de um chefe de Estado estrangeiro [o brasileiro Lula da Silva]”, afirmou o membro do secretariado nacional do PS Pedro Marques.

Admitindo ter recebido as acusações do líder social-democrata “com frustração”, já que “Luís Montenegro continua a dizer que é uma alternativa para a governação do país mas não apresenta propostas nenhumas”, o socialista criticou a postura do dirigente do PSD face ao Presidente brasileiro.

“Luís Montenegro, até ao contrário da sua própria bancada parlamentar, recusa-se a apoiar o Presidente da Assembleia da República quando ele repreende a extrema-direita, o Chega, relativamente ao desrespeito das nossas instituições democráticas e ao desrespeito a um chefe de Estado convidado oficialmente pelo Presidente da República para estar em Portugal”, acusou.

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Além disso, acrescentou Pedro Marques, o líder do PSD “não apoia o presidente da Assembleia da República, falta ao jantar oficial que foi oferecido pelo Presidente da República a este chefe de Estado estrangeiro e, portanto, continua a ambiguidade em relação à extrema-direita“.

Referindo que é assim que vê a liderança do PSD, Pedro Marques assegurou que o cenário lhe causa “muita preocupação”.

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Na quarta-feira, o líder do PSD tinha criticado o discurso do 25 de Abril do presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, e acusado o PS de se querer “ancorar-se na extrema-direita”, como fez no passado “com a extrema-esquerda”.

Na intervenção de abertura do Conselho Nacional do PSD, Luís Montenegro acusou o PS de ser o único partido em Portugal “com condições de ser governo” que “anda de braço dado com extremismos”, quer de esquerda, quer de direita, conforme “dá jeito”, e garantindo que o PSD nunca governará nem com um nem com outro.

“Ontem [na terça-feira, 25 de Abril], o Presidente da Assembleia da República, num discurso muito curioso porque foi monotemático, falou do tempo da política: deixem-nos estar aqui que nós estamos agarrados ao poder até 2026 e que é preciso respeitar a vontade do povo”, criticou.

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Montenegro, que assistiu na primeira fila aos discursos da sessão solene do 25 de Abril, disse que “nem queria acreditar” no que ouviu de Santos Silva, recordando o que se passou em 2015.

“Como é possível que as pessoas que perderam eleições em 2015, que não tinham a vontade do povo para governar e se foram juntar à extrema-esquerda (…) como é possível que esta gente diga que respeita a vontade popular e queira atirar pedras para cima da casa do PSD”, afirmou, acusando o presidente do parlamento de nunca ter “despido a camisola de militante do PS”.

O líder do PSD acusou o PS de, “agora que a extrema-esquerda já não está à mão de semear”, “se querer ancorar na extrema-direita”.