“Entendemos a vossa frustração, a vossa raiva. Não foi bom o suficiente. Sabemos que as palavras não são suficientes em situações como esta, mas acreditem nisto, uma derrota como esta dói. Agradecemos o vosso apoio, em casa e fora, e com isto no pensamento gostaríamos de reembolsar os adeptos com o preço dos bilhetes em St. James’Park. Sabemos que isso não muda o que aconteceu no domingo, mas daremos tudo para fazer o mais certo na quinta-feira diante do United”, escreveram os jogadores do Tottenham.

“Os piores 25 minutos que já vi.” As ondas de choque do descalabro do Tottenham (e um interino na corda bamba)

Era mesmo cada tiro cada melro, com uma cadência de golos mais parecida com o andebol ou o hóquei em patins mas em pleno relvado de futebol. O encontro, não sendo decisivo, era muito importante. A resposta, ainda mais para mais num compromisso desse grau, foi nula. Apenas em 20 minutos o Tottenham já perdia com o Newcastle por 5-0, sendo que o 6-1 final poderia ter conhecido uma dimensão mais escandalosa. Se com Antonio Conte a luta pela Champions estava em aberto, agora ameaçava fechar a porta de vez.

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Não foi por acaso que, na receção ao Manchester United no majestoso Tottenham Stadium, ouviu-se cedo da bancada o cântico “We want Levy out” [“Queremos o Levy fora”]. Na quarta época consecutiva em que o técnico que começa não acaba a época, algo atípico no futebol inglês, os alvos deixaram de ser os treinadores e os próprios jogadores e trouxeram com ele os protestos para o proprietário de um clube londrino que sempre investiu menos do que os rivais diretos e que quando abriu um pouco mais os cordões à bolsa nem sempre fez as melhores opções. A crise dos spurs passou do campo para a tribuna e era da tribuna que se procurava algo diferente em campo, com o interino Cristian Stellini a dar lugar ao interino Ryan Mason.

À primeira vista, não foi propriamente a melhor opção. E o Manchester United, que também não anda numa caminhada muito regular entre o apuramento para a final da Taça de Inglaterra nas grandes penalidades com o Brighton e a eliminação na Liga Europa com uma derrota pesada em Sevilha, aproveitou esse estado de choque ainda pela goleada com o Newcastle para fazer o que quis em Londres na primeira parte entre um golo de Jadon Sancho (7′), outro de Rashford (44′) e muitas outras oportunidades incluindo uma bola tirada em cima da linha por Perisic quando o Tottenham tremia por todos os lados em termos defensivos.

David de Gea não foi apenas um espectador e também teve um par de intervenções importantes mas longe do trabalho a que Fraser Forster, o substituto de Hugo Lloris, foi obrigado. No entanto, o intervalo acabou por mudar tudo. A atitude, o compromisso, a vontade, a entrega, até a melhor maneira de aproveitar os espaços que o Manchester United também ia deixando. É certo que, após o grande golo de Pedro Porro (56′), Bruno Fernandes acertou na trave numa grande jogada individual, mas o pressing dos londrinos acabou por trazer frutos com Harry Kane a assistir Son para o 2-2 dedicado ao interino Ryan Mason. A reviravolta não chegou e as contas pela Champions jogam cada vez mais contra o Tottenham (até porque o Newcastle goleou fora o Everton) mas o segundo tempo mostrou que a honra e o brio ainda contam muito no futebol.