O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Peru revelou ter convocado o embaixador do Chile em Lima para expressar o seu protesto contra a “falta de colaboração” das autoridades policiais chilenas na fronteira entre os dois países.

Num comunicado, o ministério respondeu à “situação que se criou” na quinta-feira, “na zona dos complexos fronteiriços de Santa Rosa-Chacalluta”, entre Tacna, no sul do Peru, e Arica, no norte do Chile.

Um grupo de migrantes enfrentou os agentes da Polícia Nacional do Peru que vigiavam a zona e tentou entrar no país de forma ilegal, uma situação que as autoridades peruanas imputem à “falta de colaboração demonstradas pelas forças de segurança chilenas”.

A diplomacia do Peru lembrou que mantém reuniões de trabalho com o Chile desde 21 de abril com o objetivo de “encontrar, de forma colaborativa, soluções que respondam à crítica situação migratória e humanitária no curto e médio prazo” na fronteira entre os dois países.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Peru declara estado de emergência nas fronteiras para bloquear migrantes

Nas reuniões tem sido destacada a “necessidade urgente” das autoridades chilenas “garantirem a segurança” junto à fronteira e “impedirem o bloqueio” da Autoestrada Pan-americana.

O comunicado surge horas depois do primeiro-ministro peruano, Alberto Otárola, ter exortado o Presidente do Chile, Gabriel Boric, a “resolver os seus problemas e não os atirar para outro país”.

Centenas de migrantes que estavam no Chile, principalmente oriundos do Haiti e da Venezuela, de acordo com a ONU, estão a tentar deixar o país e estão há semanas retidos na fronteira com o Peru.

À medida que o Chile aperta os controlos de migração, muitos disseram que querem voltar para casa ou continuar para norte, rumo aos Estados Unidos.

“O que pedimos ao Presidente, [Gabriel] Boric e aos demais presidentes [é] que resolvam os seus problemas e não os atirem para outro país”, disse Otárola à imprensa.

O primeiro-ministro defendeu a decisão da Presidente peruana, Dina Boluarte, de impor o estado de emergência em todas as fronteiras do Peru, reiterando que os migrantes “estão a afetar a segurança do país”.

“A violência aumentou e os crimes tornaram-se mais violentos, isso deve-se a múltiplos fatores, um dos quais é que há um pequeno número de cidadãos estrangeiros que estão cometendo crimes execráveis no nosso país”, alegou Otárola.

Na quarta-feira, Boluarte ordenou o envio do exército para apoiar a polícia e reforçar os postos de controlo com Chile, Bolívia, Brasil, Equador e Colômbia, nomeadamente para bloquear os migrantes que chegam vindos do Chile.

O Governo peruano já enviou 200 agentes da polícia para reforçar as passagens de fronteira numa tentativa de conter o crime transnacional, indicou a Presidente.