Primeiro, uma grande surpresa protagonizada pelo Sp. Tomar. Depois, uma reviravolta a premiar no final o Sporting. A Final Four da Taça de Portugal de hóquei em patins, que se estava a realizar este fim de semana no Pavilhão Municipal Cidade de Tomar, foi tudo menos uma confirmação de qualquer favoritismo teórico que pudesse existir na antecâmara das meias-finais mas mostrou também como o aproximar de todas as grandes decisões está a colocar uma tensão e uma imprevisibilidade maiores a todas as provas, sendo que a partir da próxima quinta-feira arrancam também os quartos da Liga dos Campeões em Viana do Castelo.

No primeiro encontro, que chegou ao intervalo com um magro 1-0 no marcador, o FC Porto, que até vinha de um triunfo na Luz frente ao Benfica no final da fase regular do Campeonato, voltou a ter uma partida para esquecer no segundo tempo, permitindo que o Sp. Tomar acreditasse que seria possível voltar a uma final da Taça de Portugal depois da única presença em 2017 (5-3). A seguir, num jogo bem mais equilibrado e que só ficou decidido nos minutos finais, o Sporting acabou por vencer pela margem mínima o Óquei de Barcelos, que falhou duas bolas paradas nos últimos minutos e já não conseguiu evitar derrota (3-2).

Também aí, os ânimos aqueceram. Primeiro com a expulsão de Ângelo Girão, guarda-redes do Sporting que está a cumprir cinco jogos de castigo no Campeonato (faltam ainda dois) depois da agressão a Lucas Ordóñez antes de um dérbi e que teve de ser controlado pela polícia por continuar a mostrar o seu desagrado por um vermelho por palavras ao árbitro Miguel Guilherme. Depois, com os lamentos de Paulo Freitas, treinador que foi bicampeão europeu pelos leões e que se queixou dos insultos de que foi alvo por parte de adeptos verde e brancos no decorrer da segunda parte. Os nervos andaram à flor da pele antes da decisão da Taça.

Olhando para as soluções das duas equipas, o Sporting era favorito. Olhando para o histórico na competição, o Sporting era super favorito, com quatro vitórias (1976, 1977, 1984 e 1990) em oito finais disputadas contra apenas uma perdida pelo conjunto de Tomar (2017). Olhando para aquele que é o registo entre os conjuntos, o Sporting era ainda mais favorito: apesar dos encontros equilibrados esta temporada entre ambos, com um empate em Tomar (4-4) e um triunfo leonino em casa (8-6), nunca os nabantinos tinham ganho ao Sporting. Pelo menos até hoje: apesar de ter dois golos de vantagem, a equipa da casa permitiu a reviravolta mas ainda levou o encontro para prolongamento e para as grandes penalidades, onde ganhou por 3-1. Nuno Lopes, técnico que ganhou uma Taça CERS pelo Sporting, deu a Tomar um fim de semana para a história.

O encontro começou melhor para os leões, com Nolito Romero a inaugurar o marcador num remate cruzado ao ângulo sem hipóteses para António Marante (9′), mas Lucas Honório fez o empate pouco depois de penálti (13′) antes de Pedro Martins aproveitar mais uma saída rápida para bater o titular Zé Diogo Macedo perante o castigo de Ângelo Girão (21′). Nuno Lopes tinha conseguido mexer com a equipa num desconto de tempo e o arranque do segundo tempo não ficou atrás, com os nabantinos a aumentarem a vantagem logo a abrir para 3-1 num lance que foi revisto pelo VAR (26′). Em desvantagem por dois golos, o Sporting tinha de arriscar e Matías Platero reduziu a distância 49 segundos depois, dando o mote para a recuperação que chegou ao 3-3 por Nolito Romero numa recarga a um livre direto que o próprio tinha marcado (39′).

O jogo entrava na fase decisiva e, depois de o Sp. Tomar falhar um livre direto por Ferruccio e não aproveitar os dois minutos em power play, Toni Pérez desviou na área uma assistência de Romero para o 4-3 que seria decisivo entre várias bolas paradas falhadas (35′) até ao último minuto, altura em que Tomás Moreira teve oportunidade para empatar de novo de livre direto com o Sporting reduzido a quatro por um cartão azul a Henrique Magalhães e não desperdiçou (50′), levando a decisão para prolongamento onde voltou a surgir em destaque Romero, com um remate de meia distância a três segundos do intervalo que fez o 5-4. O Sp. Tomar ainda iria empatar num penálti de Lucas Honório (58′) antes de um final polémico com algumas agressões à mistura sem punição na antecâmara do desempate por grandes penalidades onde a equipa da casa acabou por ser mais forte, marcando três das quatro tentativas para um triunfo por 3-1.

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