Os pescadores da região Norte notaram esta terça-feira abundância de sardinha nas águas nacionais, no primeiro dia de capturas do ano, mas vincaram que o preço pago em lota “ainda não foi o desejável”, devido ao pequeno tamanho do pescado.

“Em termos de quantidade, qualidade e frescura da sardinha foi muito bom, mas o tamanho ainda não foi o desejável. Foi sardinha pequena, e, por isso, o preço da venda foi baixo“, partilhou à agência Lusa Agostinho Mata, presidente da Propeixe, a Cooperativa de Produtores de Peixe do Norte.

Pesca da sardinha reabre esta terça-feira, mas há limites para a descarga e venda

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O dirigente vincou, no entanto, que “não é motivo para pescadores ficarem desanimados”, lembrando que esta foi apenas a safra inicial de um ano que acredita que terá “abundância”.

“Foi o primeiro de muitos dias, e não vale a pena desesperar. Vamos esperar e já amanhã pesquisar e pescar em outras zonas. A tendência é o tamanho do pescado aumentar e os preços também”, completou Agostinho Mata.

O líder da Propeixe acrescentou que o facto de haver muita sardinha pequena é também “um bom sinal” de que a espécie continua a desenvolver-se em águas nacionais.

“Vimos muita sardinha no mar e isso é um garante de futuro. Os mananciais, como sempre dissemos, estão a crescer e para isso contribuiu o esforço feito pelos pescadores na gestão dos stocks”, acrescentou.

Sobre o aumento de mais de 8.000 toneladas na quota da sardinha para as embarcações nacionais [passou de 29.400 toneladas em 2022 para cerca de 37.642 toneladas em 2023], Agostinho Mata considerou que é “um positivo regresso à normalidade”.

Já Manuel Marques, presidente da Associação de Armadores de Pesca do Norte, também considerou que a quota para este ano é “satisfatória”, mas espera que os valores pagos aos pescadores “sejam rentáveis”.

“Sei que neste primeiro dia os preços pagos aos pescadores ainda não foram bons. Temos de ter boas safras, mas também [queremos] que a atividade seja rentável. Isso vai, também, depender do aumento da procura”, analisou.

Manuel Marques lembra que o “valor comercial do pescado para o consumidor tem estado em alta”, mas que tal não espelha uma maior rentabilidade para pescador.

“O problema não está no consumidor, mas sim nos vários intermediários na cadeia, que fazem disparar os valores. Não percebemos porque é que os consumidores não podem vir comprar o peixe diretamente à doca, quando, por exemplo, na agricultura, podem comprar um saco de batatas ao produtor. Estamos a tentar mudar isso”, vincou o presidente Associação de Armadores de Pesca do Norte.

A pesca da sardinha reabriu esta terça-feira, com um conjunto de limites diários para a descarga e venda, mas pode ser suspensa ou encerrada se, por exemplo, a quota for esgotada.

O limite de descargas de sardinha capturada com a arte do cerco é de 37.642 toneladas, que são repartidas pelas várias embarcações cujos proprietários ou armadores pertencem a organizações de produtores (OP) e pelo grupo que não pertence a OP reconhecidas para a sardinha.