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As maiores agências de rating internacionais, entidades que se pronunciam sobre o risco de investir em Portugal, estão atentas à crise política. Ao Observador, a agência DBRS diz que “o risco de novas eleições é haver uma interrupção” das políticas que têm permitido, por exemplo, a redução da dívida pública. Já a S&P tinha indicado que no seu cenário-central o Executivo de António Costa levaria a legislatura até ao fim – porém admitia que as substituições de ministros (e outros governantes) poderiam levar a uma instabilidade na maioria, ao ponto de serem convocadas eleições antecipadas.

Questionada pelo Observador, a agência de notação financeira DBRS Morningstar admite que a atual instabilidade política poderá levar a eleições antecipadas mas salienta que “esse cenário não é inevitável“. Em alternativa, diz Jason Graffam, um dos vice-presidentes da DBRS, “o Presidente poderá, em vez disso, pedir a formação de um novo executivo para levar até ao fim a legislatura”.

Porém, “caso sejam convocadas eleições antecipadas, isso poderá interromper a governação liderada pelo PS, que se prolonga há sete anos”, diz a DBRS. “As sondagens citadas pelo Politico indicam que o PS obteria 29% das votações, contra os 41% que teve nas últimas eleições”, acrescenta a agência de notação de crédito, salientando que “a popularidade do PS claramente foi penalizada pela sequência de demissões de governantes ao longo do último ano”.

Ainda assim, a DBRS nota que “estando no seu terceiro mandato consecutivo, o PS já está habituado a instabilidade política” e isso nunca, aos olhos da agência, significou “perturbações na continuidade política”. “Mesmo confrontado com graves choques macroeconómicos globais, Portugal tem registado taxas de crescimento elevadas (…) e tem reduzido de forma agressiva a dívida pública” e é neste contexto que a agência considera que “o maior risco associado a possível novas eleições é uma interrupção destas políticas“.

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Veríamos como preocupante a formação de qualquer novo Governo que enfraquecesse o compromisso com a prudência orçamental e a redução da dívida”, salienta a DBRS, que foi a única agência reconhecida pelo BCE que nunca colocou a dívida pública portuguesa em nível de alto risco (vulgo, lixo).

Outra agência, a S&P Global, já tinha em meados de março comentado os “crescentes riscos na estabilidade política” em Portugal. A aposta da agência norte-americana era que a legislatura iria até ao fim, já que “a maioria parlamentar dá ao Governo de António Costa margem de manobra para avançar com reformas e promover políticas marcadas pela prudência orçamental e pelo alívio do impacto imediato da inflação nas famílias e nas empresas”.

Porém, referindo-se às anteriores substituições governativas, a S&P notava em março que “caso a instabilidade voltasse ou a oposição aumentasse a pressão por parte dos partidos da oposição, então o Presidente poderá acabar por convocar eleições antecipadas antes do fim da legislatura, que acaba em 2026”.

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