O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, garantiu esta quinta-feira que os docentes continuarão a sua luta, inclusive no próximo ano letivo, caso não seja encontrada uma solução “para um problema de justiça básica”.

“O Governo tem de perceber que os professores não irão parar. Não pararam nestas [greves] distritais, não vamos parar em 6 de junho, não pararemos se tivermos que chegar às avaliações finais e aos exames e não pararemos no início do próximo ano letivo“, alertou.

Mário Nogueira, que participou ao final da manhã numa concentração de docentes em frente à Escola Secundária Avelar Brotero, que marcou o início da greve no distrito de Coimbra, sublinhou, no entanto, que os professores estão disponíveis para chegar a acordo com o Governo.

“Estamos com toda a abertura e toda a disponibilidade para podermos negociar uma solução, que seja uma solução que resolva um problema que é um problema de justiça básica. Que as pessoas que trabalharam vejam o tempo que cumpriram contar para a sua carreira profissional”, referiu.

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Aos jornalistas, o líder da Fenprof indicou que os motivos que levaram ao início da greve por distritos “estão todos por resolver”.

“O Ministério da Educação tem um pedido de negociação suplementar à qual ainda não respondeu. Em cima da mesa está a discussão do tempo de serviço“, acrescentou.

Para além da greve por distritos, que começou em 17 de abril e termina em 12 de maio, está ainda agendada “talvez a maior greve de sempre em Portugal, que se realizará no dia 6/6/2023″.

“Até gostaríamos que se fizesse história nesse dia, não pela greve, mas pela possibilidade de neste dia resolver este problema. Seria um dia importante, simbólico, para que houvesse um acordo negocial de recuperar os seis anos, os seis meses e os 23 dias e também de dispensar todos os professores das vagas do quinto e sétimo escalões e recuperar o tempo que alguns perderam à espera de vaga”, alegou.

Entre os professores que se juntaram em frente à Escola Secundária Avelar Brotero esteve Catarina Oliveira, professora há 25 anos, que lamentou o dinheiro que perde todos os meses por estar “apenas no quarto escalão quando deveria estar a chegar ao oitavo”.

“Deveriam ser mais 300 euros, nem sei bem, já desisti de fazer as contas”, disse.

Também Cristina Rodrigues, professora desde 1989, criticou o facto de estar apenas no quarto escalão, afirmando que está a ser “roubada”.

“Estou no quarto escalão e nunca irei passar do sétimo, nem que trabalhe até aos 70 anos”, realçou a docente, de 56 anos.

As greves distritais foram convocadas por uma plataforma de nove sindicatos, tendo começado em 17 de abril no distrito do Porto e terminando em 12 de maio no distrito de Lisboa.

Integram esta plataforma de sindicatos a Associação Sindical de Professores Licenciados (APSL), a Federação Nacional dos Professores (FENPROF), a Federação Nacional da Educação (FNE), a Pró-Ordem dos Professores (PRÓ-ORDEM), o Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (SEPLEU), o Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação (SINAPE), o Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP), o Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) e o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU).