Entre as centenas de convidados de honra que assistirão este sábado ao vivo à coroação do Rei Carlos III vai estar o madeirense Maciel Vinagre, funcionário hospitalar condecorado pela rainha Isabel II durante a pandemia.

“Não estava à espera”, admitiu o português à Agência Lusa, relatando que teve de responder em menos de 24 horas ao convite recebido por email em março, senão perderia o lugar na Abadia de Westminster.

É uma honra, quase que não acreditava. Ver uma coroação destas de um rei acontece uma vez na vida. Já estive dentro da Abadia de Westminster, mas este vai ser um momento especial”, acrescentou.

Radicado no Reino Unido desde os 18 anos, o português recorreu a expressões inglesas para dizer que “é uma oportunidade única de assistir a um momento histórico”.

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Natural do município de São Vicente na Madeira, inicialmente fez estudos de contabilidade e trabalhou num restaurante, mas acabou a trabalhar nas limpezas de um hospital, tendo progredido na carreira até chegar a funções de chefia nos serviços de higiene e alimentação.

Em 2020, foi distinguido com a Medalha do Império Britânico [British Empire Medal] pelo esforço para prevenir e conter a infeção de Covid-19 dentro de hospitais britânicos, protegendo doentes e funcionários.

Na quarta-feira, Vinagre já esteve presente numa festa no jardim no Palácio de Buckingham, acompanhado pela filha, e garante que “é um orgulho imenso” ser convidado para a coroação, cuja audiência foi reduzida para 2.000 pessoas dentro da Abadia.

Os líderes internacionais que confirmaram a presença incluem o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o francês Emmanuel Macron, o vice-presidente chinês, Han Zheng, os reis da Tailândia e os príncipes do Japão.

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Entre os convidados vão estar também Jill Biden e Olena Zelenska, em representação dos maridos, os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, respetivamente.

A cerimónia da coroação de Isabel II, em 2 de Junho de 1953, durou quase três horas e contou com mais de 8.000 convidados, representantes de 129 países e territórios.

Mas o novo rei britânico encurtou o evento em cerca de uma hora e diversificou a audiência, abrindo as portas a centenas de cidadãos comuns, selecionados pelas contribuições para a sociedade e para refletir uma sociedade mais multicultural.

Entretanto, também foi erguida uma bancada em frente ao Palácio de Buckingham para 3.800 veteranos militares e profissionais de saúde e apoio social assistirem às celebrações de sábado.

O Rei Carlos III vai ser coroado na Abadia de Westminster, juntamente com a rainha consorte, Camila, numa cerimónia religiosa de duas horas. O ritual inclui a unção com um óleo consagrado e a entrega ao soberano de várias peças das jóias da coroa, que simbolizam a transmissão de poderes.

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Do vários elementos, apenas o juramento é considerado obrigatório, embora Carlos tenha assumido funções imediatamente após a morte da mãe, Isabel II, em setembro de 2022, com plenos poderes para promulgar leis.

Além de chefe de Estado do Reino Unido e de outros 14 países da Commonwealth, o soberano é Comandante Supremo das Forças Armadas, “Defensor da Fé” enquanto líder da Igreja Anglicana e “Fonte da Justiça” britânica.

Após a cerimónia, o Rei e a Rainha seguem em cortejo até ao Palácio de Buckingham numa carruagem puxada a cavalos e acompanhados por cerca de 6.000 soldados. As celebrações do dia fecham com a aparição do casal na varanda do Palácio, juntamente com outros membros da família real para acenar às multidões e assistir ao sobrevoo de aviões militares.