Na época passada, o Arsenal ficou em 5.º. No ano anterior tinha sido 8.º. Antes disso, novamente 8.º, novamente 5.º e 6.º. Ou seja, desde 2015/16 e da temporada em que ficou no segundo lugar e a 10 pontos do campeão Leicester que o Arsenal não sabe o que é chegar ao fim da época no pódio da Premier League. A façanha vai repetir-se este ano — mas nem isso alivia a desilusão que começa a instalar-se no universo dos gunners.

Até há umas semanas, até aos empates com Liverpool, West Ham e Southampton e à derrota com o Manchester City, o Arsenal acreditava genuinamente que iria ser campeão inglês 19 anos depois da última vez. A equipa de Mikel Arteta dominou a Premier League durante praticamente toda a temporada, sofrendo apenas quatro derrotas e mantendo uma regularidade acima da média, mas acusou a pressão nas últimas jornadas e perdeu a liderança para o City. Este domingo, na visita ao Newcastle, entrava em campo com a possibilidade de voltar a ficar a um ponto do primeiro lugar — mas o conjunto de Pep Guardiola ainda tem um jogo a menos.

“Temos coisas suficientes com que nos preocupar, preocupamo-nos com aquilo que temos de fazer e em jogar bem para ganhar os jogos. Não temos de fazer statement nenhum. Temos de dar o nosso máximo e jogar o melhor possível para conquistar o direito de ganhar o jogo. Não sei o que é que o Newcastle preparou, não sei o que vai acontecer. O Manchester City ganhou muitos jogos nos últimos meses e, se continuarem assim, vão merecer ser campeões. Mas nós temos de estar preparados, ganhar os nossos jogos, temos de estar lá. Não sabemos aquilo em que estão a pensar neste momento, aquilo em que se concentram. Vão tentar ganhar todos os jogos e nós vamos tentar fazer o mesmo. E só depois disso é que podemos ver o que vai acontecer”, disse Arteta na antevisão da deslocação ao Newcastle, que vinha de oito vitórias nos últimos nove jogos.

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Assim, Arteta surpreendia e reagia à lesão de Saliba com a titularidade de Kiwior, deixando Rob Holding no banco. Jorginho começava de início no meio-campo, em detrimento de um Partey que tem vindo a cair em rendimento e intensidade, e Saka e Martinelli eram naturalmente os principais apoios de Gabriel Jesus. Do outro lado, Eddie Howe deixava Saint-Maximin e Miguel Almirón no banco e Bruno Guimarães era o maestro do setor intermédio, com Callum Wilson a ser a óbvia referência ofensiva ladeada por Isak e Murphy.

O Arsenal abriu o marcador ainda dentro do quarto de hora inicial, com Odegaard a atirar forte e rasteiro de fora de área para bater Nick Pope (14′), e foi a vencer para o intervalo. Arteta mexeu à passagem da hora de jogo, trocando Zinchenko por Tierney para refrescar o corredor esquerdo, e Howe respondeu com a entrada de Almirón para o lugar de Murphy. A 20 minutos do fim, o Newcastle infligiu o próprio xeque-mate: Martinelli acelerou na esquerda, cruzou para a grande área e Schär, ao tentar aliviar a jogada, desviou para a própria baliza (71′).

Arteta aproveitou para fazer mais substituições, trocando Martinelli e Odegaard por Trossard e Partey, e Eddie Howe também tentou correr atrás do prejuízo com as entradas de Saint-Maximin e Anthony Gordon. Até ao fim, porém, já nada mudou: o Arsenal foi a St. James Park derrotar o Newcastle numa das deslocações mais complexas da Premier League e manteve a luta pelo título algo ligada às máquinas, estando a um ponto do líder Manchester City mas com um jogo a mais. Pelo meio, chegou aos 81 pontos na Premier League, uma fasquia que não alcançava desde o ano em que foi campeão, em 2003/04.