O governo brasileiro anunciou que vai propor dois novos candidatos para dirigir o Banco Central, num momento em que o Presidente do Brasil, Lula da Silva, está envolvido numa disputa com a instituição sobre a política monetária.

Os dois candidatos, cujas nomeações devem ser aprovadas pelo Senado, são Gabriel Galípolo, que ocupa um alto cargo no Ministério das Finanças, e Aílton de Aquino Santos, funcionário de carreira do Banco Central, anunciou o ministro das Finanças, Fernando Haddad.

Se o Senado aprovar as nomeações, Galípolo será diretor de política monetária e Santos será responsável pela auditoria do Banco Central. Ambos passarão a integrar o comité de nove membros que decide a taxa de juro do país. Ao fazer o anúncio, Haddad disse que estas nomeações visam promover a “convergência da política económica” entre o governo e o Banco Central.

A notícia teve impacto no mercado de câmbio, fazendo com que o real se desvalorizasse frente ao dólar, sob a expectativa de que os possíveis novos membros do Banco Central possam incentivar a redução das taxas de juros.

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Duas horas antes do encerramento da sessão, o dólar era negociado a 5,01 reais, com uma desvalorização de 1,38%.

Desde que tomou posse, a 1 de janeiro, Lula da Silva tem feito constantes e duras críticas ao Banco Central por manter os juros em 13,75% ao ano, o nível mais alto desde 2016, algo que está a ter repercussões no mercado de crédito, no consumo e na economia como um todo.

Na última reunião, realizada na semana passada, o Banco Central decidiu manter os juros em 13,75%, argumentando que a inflação está “resiliente” e que ainda há “incertezas” na economia nacional e internacional.

A inflação no Brasil está a 4,65% em termos anuais, mas o emissor acredita que subirá para 5,8% até ao final de 2023, enquanto espera que a economia cresça 1,2% este ano.