Os alunos beneficiários de Ação Social Escolar (ASE) têm vindo a aumentar desde 2020 e no ano letivo passado (2021-2022) 37,4% do universo total de estudantes precisaram de apoio. De acordo com o Jornal de Notícias, que cita o Ministério da Educação, estão em causa 370.035 crianças e jovens num total de 990.772, um número que os responsáveis temem que possa vir a aumentar devido ao agravamento da crise económica.
O ano letivo 2017-2018 foi o que registou mais beneficiários nos últimos cinco anos, 371.436 estudantes, um valor muito próximo do que foi registado em 2022, sendo que na altura estavam inscritos mais 300 mil estudantes, o que torna a percentagem inferior à do último ano, com 28,3%.
Entre 2018 e 2020 os números desceram, uma tendência que se inverteu nos últimos dois anos, e que o Ministério da Educação atribui aos efeitos da pandemia.
Os responsáveis de associações ouvidos pelo JN reportam o aumento de dificuldades entre os estudantes e “sinais de fome” que se vão tornando cada vez mais claros. O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) recorda que “as escolas são a primeira porta onde as famílias batem a pedir ajuda” e explica que há alunos a pedirem “lanche ou reforços”.
Também Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), aponta para uma “tendência de subida” e garante que são evidentes os sinais de empobrecimento decorrentes da crise inflacionista, explicando que há escolas que fazem recolhas de alimentos para distribuir cabazes para as famílias.
A realidade é ainda constatada por Mariana Carvalho, presidente da Confederação Nacional de Pais, que garante que o número de alunos a comer em cantinas aumentou no último ano, bem como as dívidas de famílias no pagamento das refeições.