Por cada reportagem que surge, mais o “apetite” se abre. As intervenções de fundo que o Real Madrid tem vindo a fazer no Santiago Bernabéu, que levaram mesmo durante a fase de pandemia a que a equipa jogasse em Valdebebas, aproximam-se do fim. Ali, como recordava esta semana o El Mundo, nasce mais do que um estádio. Além de ser um dos recintos mais sofisticados do mundo, tem várias formas de receita que permitem antecipar uma amortização rápida de todo o investimento. A isso, de forma inevitável, junta-se a equipa de futebol. E é aqui que entra Erling Haaland, o goleador da moda que tudo e todos temem.

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Kylian Mbappé era a cara do projeto de modernização do Real Madrid e foi por isso que Florentino Pérez se empenhou tanto em desviar o avançado francês de Paris para Espanha. Numa longa novela que teve vários capítulos, o jogador acabou por ficar no PSG. Mais do que o ligeiro atraso nas obras do Bernabéu, esse foi o principal percalço de todo o plano gizado pelo presidente do Real Madrid, que necessita de “galácticos” para aproveitar a rampa de lançamento que será o “novo” estádio a nível de crescimento. Há Vinícius Júnior, há Rodrigo, há agora Tchouameni e Camavinga junto a Valverde, mas Benzema, Modric ou Kroos não são eternos. A renovação terá de ser feita a breve/médio prazo e, sem Mbappé, Haaland tornou-se um alvo.

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O norueguês jogava pela primeira vez no Santiago Bernabéu esta terça-feira, existindo antes do encontro uma grande curiosidade para perceber se o renovado eixo central dos merengues, com Rüdiger ao lado de Alaba pelo castigo Éder Militão, conseguiria travar o maior goleador europeu de 2022/23. Excetuando um remate na passada após passe de Kevin de Bruyne e um cabeceamento depois de um cruzamento de Jack Grealish, o 9 pouco ou nada apareceu. No entanto, o nome de Haaland foi muito falado nas bancadas.

Ainda em 2017, o Real Madrid teve em cima da mesa o nome do avançado, ao abrigo do conhecimento do mercado escandinavo depois da contratação de Ödegaard, hoje capitão do Arsenal. E os olheiros ficaram de vez rendidos quando Haaland marcou nove golos às Honduras no Mundial Sub-20. Problema? A prioridade dos espanhóis passava por confirmar a contratação de Vinícius Júnior, que conseguiu, e apostar também em garantir Rodrygo, algo que só ficou fechado mais tarde. Até mesmo quando o goleador rumou ao Red Bull Salzburgo por oito milhões de euros vindo do Molde os espanhóis preferiam ver sem pagar do que pagar para ver. O B. Dortmund antecipou-se, pagando 20 milhões, e a partir daí as regras do jogo mudaram. Hoje, de acordo com a imprensa espanhola, Haaland é sobretudo um sonho proibido tendo em conta que o City acaba de apresentar uma tentadora proposta de renovação com uma cláusula de rescisão também superior.

Uma coisa é certa: o norueguês não sai do radar dos espanhóis. E nem mesmo a história paralela da primeira mão das meias-finais da Champions entre Real Madrid e Manchester City, que terminou com um empate (1-1), deverá mudar esse cenário. Protagonista? O pai de Haaland. Pontos ganhos? Abaixo de zero.

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Numa série de vídeos que não demoraram a circular pelas redes sociais, Alfie Haaland, também ele um antigo jogador com passagens por Nottingham Forest, Leeds (onde o filho nasceu) e Manchester City, esteve envolvido numa série de provocações com adeptos do Real Madrid que terminaram com a ida de seguranças ao camarote onde se encontrava para retirá-lo do local. Com o tom das críticas a aumentar na sequência dos festejos do golo do empate de De Bruyne, o pai do avançado foi respondendo com gestos e manguitos com os braços que incendiaram ainda mais os ânimos naquele local do estádio até deixar o lugar.

“As pessoas do Real Madrid não estavam contentes pela forma como celebrámos o golo do Kevin de Bruyne e só tivemos de ir para outra zona porque os adeptos não estavam contentes pelo 1-1”, justificou Alfie Haaland. Já o programa El Larguero da Cadena SER ouviu alguns dos presentes durante a confusão e conta que a reação começou quando o pai do avançado começou a atirar amendoins aos adeptos do Real Madrid que estavam mais próximos do seu camarote, contribuindo para que a contestação subisse de tom.