Doze acordos assinados com Marrocos e o primeiro-ministro português a pôr as cartas todas na cooperação na área da energia como forma de pôr os dois países no mapa da transição energética. A reunião de alto nível Luso-marroquina aconteceu em Lisboa, com António Costa a passar a manhã desta sexta-feira como o chefe do Governo do reino de Marrocos, Aziz Akhannouch, em conversações para “incrementar as relações” entre os dois países “sobretudo na área da energia”, atirou o português que continua a insistir na “interconexão elétrica” que nunca conseguiu ir para lá dos estudos sobre a sua viabilidade.

É uma parceira com Marrocos em que Costa insiste desde a cimeira de 2017, em Rabat, altura em que esteve prevista uma ligação de cabo elétrico submarino (de 220 quilómteros), com capacidade para mil megawatts, num investimento na ordem dos 700 milhões de euros (a suportar entre os dois países), que nunca chegou a avançar. Mas o objetivo continua na cabeça de Costa que voltou a falar nele depois de horas de reuniões bilaterais onde, do lado português, participaram ministros como o das Infraestruturas, João Galamba, e o do Ambiente, Duarte Cordeiro — que estão diretamente implicados nestas matérias.

Na conferência de imprensa conjunta, o primeiro-ministro afirmou como necessário “explorar todo o potencial do incremento de relações entre os países (…) sobretudo na área da energia”. Isto depois de falar nos “domínios onde há muitas oportunidade de estreitamento de relações, incluindo nas Infraestruturas”. Costa defendeu mesmo que “a construção da interconexão elétrica entre os dois países vai valorizar a posição geopolitica no quadro do Atlântico“.

O objetivo da reunião foi “elevar o nível de relacionamento para o nível de parceria estratégica para uma relação mais alargada entre povos, empresas e governos”, afirmou Costa. Mas entre os acordos assinados não constou nenhum concreto sobre este assunto que o primeiro-ministro sublinhou, com os dois países a deixarem apenas escrito, na declaração conjunta, a intenção de “assinar, em breve, uma declaração conjunta entre o Ministério da Transição Energética e Desenvolvimento Sustentável do Reino de Marrocos e o Ministério do Ambiente e Ação Climática da República Portuguesa, com vista a acelerar a implementação do projeto de interconexão elétrica entre os dois países”.

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Na declaração conjunta desta reunião de Alto Nível ambos os países “reconhecem a importância de continuar a coordenar os seus esforços em matéria de interconexão energética e acordaram finalizar os estudos de viabilidade necessários à concretização deste projeto, com vista ao intercâmbio de energias renováveis ​​entre os seus sistemas elétricos”.

Antes das intervenções, tinha sido assinado um acordo em matéria de Proteção Civil., sete memorandos (nos domínios jurídico, rural, segurança social, artesanato e economia social, investigação e desenvolvimento, ambiente e desenvolvimento sustentável, juventude, mulheres e não discriminação), dois programas (para aplicação do acordo cultural para os anos 2023-25 e outro no Turismo para vigorar pelo mesmo período de tempo) e ainda dois protocolos (Negócios Estrangeiros e de cooperação portuária).

Na sessão estiveram os ministros dos Negócios Estrangeiros (Gomes Cravinho), da Economia (Costa Silva), das Infraestruturas (João Galamba,) do Ambiente (Duarte Cordeiro), do Ensino Superior (Elvira Fortunato), da Cultuta (Pedro Adão e Silva) e dos Assuntos Parlamentares (Ana Catarina Mendes). Antes tinha decorrido um fórum empresarial que, segundo Costa, juntou mais de 130 empresas dos dois países.

Costa referiu-se a estes doze acordos como “a sementeira necessária” da qual espera uma “melhor colheita no próximo ano”, quando os dois países celebrarem os 250 anos de paz: “raro” mas “inspirador” entre “dois vizinhos”, descreveu o primeiro-ministro que fez questão de agradecer ao homólogo marroquino o apoio durante a época de incêndios.  Costa referiu em concreto o empréstimo que tem sido feito de dois aviões Canadair nas épocas de fogos: “Têm sido um suporte essencial.”