Havia a esperança de uma redenção de Fabio Quartararo depois de um mau início de época mas o principal piloto da Yamaha não terminou a corrida sprint após não ter passado sequer a Q1. Havia a esperança de um reaparecimento ao mais alto nível de Johann Zarco até pelo rendimento que as Pramac estavam a apresentar mas também não passou da sexta posição após sair de nono. O Circuit Bugatti em Le Mans podia receber o Grande Prémio de França mas a hipótese de haver um triunfo de um corredor da casa mais de três décadas depois da vitória de Marco Lucchinelli em 500cc parecia estar colocada de parte. Ainda assim, motivos de interesse não faltavam. A começar por um dos “derrotados” da prova sprint de sábado, Marc Márquez.

Sem Oliveira e com Márquez de regresso, Jorge Martín vence corrida sprint no Grande Prémio de França

“Ninguém pode falar demasiado porque se atiras m*** sobre outro piloto na corrida seguinte isso pode acontecer-te a ti. Ninguém cai porque quer mandar outro piloto ao chão, ninguém ataca sem pensar. Mas às vezes vamos ao limite e cometemos erros. Às vezes cometemos esses erros indo sozinhos… Em 15 anos de carreira tive situações diferentes. Claro que todos querem acabar a corrida, todos querem ir ao pódio e ninguém se quer lesionar. Mas às vezes não podes escolher. Recebi a penalização, mas o problema é que a cumpri na Argentina, que é o está no papel…”, tinha defendido o espanhol antes do fim de semana, não se mostrando particularmente preocupado com eventuais represálias de outros pilotos no regresso às pistas.

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Marc Márquez regressa à competição no GP de França de MotoGP

“O erro, isso é óbvio, a cagada monumental foi a redução da sanção, algo que continuo sem entender. É algo que não pode acontecer na Terceira Regional, agora imagina na Primeira Divisão do MotoGP. A partir daí, posso ter a minha opinião ou não, mas não há nada mais a comentar”, comentou Aleix Espargaró, piloto da Aprilia de fábrica que não esqueceu o episódio no Algarve com Miguel Oliveira, português que voltava a falhar uma corrida após ser abalroado por Fabio Quartararo no Grande Prémio de Espanha. Até nos detalhes era possível perceber que as coisas não estão fáceis para Márquez, que quando se tentou colocar atrás de Pecco Bagnaia para aproveitar o cone nas sessões de treinos livres viu o italiano quebrar essa intenção quase que a deixar o “recado” ao piloto da Honda. Havia uma história dentro da história da quinta corrida do ano.

Jorge Martín, que partiu do quinto lugar da grelha, conseguiu garantir a primeira vitória em corridas sprint depois dos pódios em Portugal e nas Américas. Brad Binder, a sair de décimo, ainda conseguiu ser segundo mostrando a capacidade da KTM em provas mais curtas. Pecco Bagnaia, que tinha o melhor registo a nível de tempos, acabou na terceira posição. No entanto, havia uma série de “ses” ainda por resolver. Se Jack Miller não tem caído, até onde chegaria a outra KTM? Se Márquez não tivesse uma corrida tão contida que o fez descer de segundo para quinto, ainda conseguia um pódio no regresso? Este domingo trazia as respostas.

Logo na primeira volta do 1.000.º Grande Prémio de MotoGP, Marc Márquez conseguiu assumir a liderança com Jack Miller logo atrás e Pecco Bagnaia a descer para a quarta posição também atrás de Luca Marini. Um pouco mais para trás, nem Quartararo nem Zarco conseguiram subir na saída, sendo que o maior trambolhão de todos acabou por ser o de Binder, que chegou a estar no 18.º posto antes de começar a recuperação. No entanto, seria sol de pouca dura para o espanhol, com Jack Miller a passar para a frente antes de uma volta que se tornou um verdadeiro golpe de teatro na prova e na própria classificação do Mundial.

Primeiro foi Pecco Bagnaia e Maverick Viñales a saírem de pista quando tentavam apertar ritmos na luta pela terceira posição, sendo que a discussão chegou ao ponto de se empurrarem quando estavam ainda na gravilha. Logo a seguir, também Luca Marini, que estava num bom lugar para discutir o pódio no final, e Álex Márquez foram ao chão num momento perigoso porque as motos ficaram ligadas em pista tal como o piloto espanhol. Tinha tudo mudado mas a história do Grande Prémio de França estava ainda a ser escrita.

Já depois de um momento em que Marco Bezzecchi e Marc Márquez saíram largo para não irem ao chão quando se tentavam aproximar da liderança, Jack Miller perdeu mesmo a liderança para a dupla, sendo que Jorge Martín chegou a rodar em segundo mas rapidamente caiu para quarto num ritmo muito diferente do que tinha imprimido na véspera na corrida sprint. Só mesmo a meio começou a haver alguma estabilidade na prova, com Bezzecchi a consolidar a vantagem sabendo que Pecco Bagnaia já estava de fora. Um pouco mais atrás, Zarco seguia em quinto, Augusto Fernández surpreendia com um sexto lugar, Aleix Espargaró, Brad Binder, Fabio Quartararo e Álex Rins fechavam um top 10 que não contava com Joan Mir.

A dez voltas do final sobravam apenas 15 corredores em pista após mais uma queda de Álex Rins e Marco Bezzecchi conseguia cravar uma vantagem de quase dois segundos sobre Marc Márquez, estando no plano virtual apenas a um ponto de Bagnaia no Mundial. Também Jorge Martín se preparava para conseguir o seu primeiro pódio em corridas longas da época, com 1,2 segundos de avanço sobre o companheiro de equipa Zarco, que não conseguiu aproveitar toda a agitação na frente para avançar mais. Jack Miller viria também a cair a três voltas do final quando rodava ao lado do companheiro Brad Binder, sendo que os focos centraram-se na luta entre Márquez e Martín pelo segundo lugar, com o espanhola da Honda a defender-se da melhor forma até à penúltima volta quando tentou ir no limite e caiu mesmo, estendendo a passadeira para um mal menor para o público francês que festejou ainda o terceiro posto de Johann Zarco.

Com estes resultados, Pecco Bagnaia manteve os 94 pontos no Mundial mas apenas com mais um de avanço sobre Marco Bezzecchi, ao passo que Brad Binder desceu a terceiro com 81 pontos, mais um do que Jorge Martín. Miguel Oliveira, que falhou o Grande Prémio de França por lesão como já tinha acontecido na Argentina, segue na 16.ª posição com 21 pontos, mais 18 do que o companheiro Raúl Fernández.