Um estudo português divulgado esta quarta-feira mostra que mais de dois terços dos inquiridos (75%) dizem ter interesse por cultura, mas que há setores mais importantes para a sociedade, como a saúde, a educação e a habitação.

Os dados constam do Barómetro da Cultura, o “estudo anual sobre a perceção da Cultura em Portugal”, feito pela consultora Qmetrics para a plataforma Gerador, com base em entrevistas realizadas a 1.200 pessoas.

No documento, a plataforma Gerador lembra que “em Portugal não existiam estudos sobre as práticas culturais, apenas sondagens realizadas aos agentes do setor da cultura, que são fundamentais e pertinentes, naturalmente, mas incompletas sobre a visão de um território”.

Nesta quinta edição do Barómetro da Cultura, há dados semelhantes aos de 2022, como, por exemplo, que “100% dos residentes em Portugal” consumiram algum tipo de cultura, de preferência que não envolvesse gastos financeiros, “como ouvir música na rádio ou ver filmes nos canais abertos de televisão”.

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Tal como em 2022, “75% da população residente em Portugal acredita que o Estado deveria investir mais em cultura” e que “a saúde, a educação e a justiça são os três setores mais valorizados”.

No entanto, este ano e pela primeira vez os inquiridos consideram que o setor da habitação é um dos mais importantes da sociedade, à frente do ambiente, da segurança, da ciência ou da cultura.

“Cerca de 75% dos entrevistados afirma que, se estivessem reunidas as condições fundamentais a nível financeiro, de saúde e disponibilidade, uma boa parte do seu tempo livre seria dedicado à cultura”, pode ler-se no estudo.

Oito em cada 10 dos participantes no estudo também acreditam que “a cultura e as artes contribuem para que as pessoas estejam mais aptas a resolver problemas”, no entanto o universo de entrevistados “é extraordinariamente crítico em relação à oferta cultural, com uma avaliação média de 35 pontos numa escala entre zero e 100”.

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O estudo considera que uma ida ao cinema, visitas a museus, ouvir música na rádio, frequentar discotecas ou almoçar e jantar fora são práticas culturais ou de fruição cultural dos portugueses.

As atividades culturais mais consumidas pelos participantes no estudo são ouvir música (97,7%), ver filmes (94,6%) e ver espetáculos de humor (75%). Em quarto lugar surge a leitura de livros (64,1%) e no final da escala “visitar museus, exposições ou património” (51,1%).

Especificamente sobre algumas práticas culturais, 83,7% dos inquiridos ouvem música através da rádio, 72,2% ouvem através da internet, de forma gratuita, e apenas 19,5% compram música, em suporte físico ou digital.

Sobre consumo de cinema e audiovisual, 76,4% dos participantes veem filmes, através da televisão.

Com percentagens muito semelhantes está o consumo de filmes em sala de cinema (51,4%), através de canais televisivos pagos (51%) e em plataformas de ‘streaming’ (50,8%).

“As plataformas de streaming na internet são extraordinariamente importantes para os jovens dos 15 aos 34 anos: 75% afirma que é através das mesmas que assiste a filmes”, sublinham os autores do estudo.

Sobre hábitos de leitura, 64,1% dos inquiridos disseram ter lido pelo menos um livro no último ano.

Entre os jovens de 15 a 24 anos, mais de metade leu clássicos da literatura, e os leitores entre os 25 e os 34 anos deram preferência a “livros de desenvolvimento pessoal e espiritual”.

A maioria dos inquiridos (57,8%) assistiu a concertos através dos canais abertos de televisão, 37,5% foram a concertos em festivais e 32,3% viram em salas de espetáculos.

Mais de metade (51,1%) disse que visitou algum museu, exposição ou património natural ou urbano no último ano.

O estudo, divulgado no âmbito do festival Oeiras Ignição Gerador, foi feito a partir de entrevistas realizadas a 1.200 pessoas entre março e abril deste ano em todas as regiões do país.

Toda a informação do estudo será divulgada, com acesso gratuito, na página oficial da plataforma Gerador, em gerador.eu.